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“Não podemos inventar água ou substituí-la”: há mais um foco de tensão entre os Estados Unidos e o México

Os Estados Unidos e o México partilham dois rios entre si, o Colorado e o Grande, e têm de enviar água um ao outro, ao abrigo de um acordo assinado há oito décadas. Devido à seca e às alterações climáticas, o México tem acumulado uma dívida cada vez maior e pode não conseguir saldá-la

Barragem ao longo do rio Colorado, curso de água partilhado pelos EUA e México, mostra o problema que está afetar os dois países
Kevin Carter/Getty Images

Há mais um foco de tensão na fronteira entre os Estados Unidos e o México além da migração: a água. Pela primeira vez na história, os Estados Unidos recusaram um pedido especial de abastecimento feito pelo vizinho do sul, argumentando que este não está a cumprir a sua parte do acordo — um tratado assinado há 81 anos — e que continua a aumentar a dívida de água. Com as alterações climáticas e a seca a agravarem-se, o México tem cada vez mais um problema de stresse hídrico.

Foi no mês passado que o Departamento de Estado americano rejeitou um pedido especial para enviar água para a cidade fronteiriça de Tijuana, no norte do México, gravemente afetada pela seca. Foi a primeira vez que tal aconteceu, segundo o próprio departamento federal. Esta cidade, como tantas outras perto da fronteira, tem forte dependência do rio Colorado, que nasce nas Montanhas Rochosas no estado americano que lhe dá o nome, forma o Grand Canyon e desagua no Golfo da Califórnia, no México.

Há mais um curso de água transfronteiriço extremamente importante para ambas as nações: o rio Grande, conhecido como rio Bravo no México. Tem origem nas Montanhas de San Juan, também no estado do Colorado, faz de fronteira natural entre os dois países e termina no Golfo do México. O rio Grande é maior do que o do Colorado em termos de comprimento, mas transporta menos água, porque é menos caudaloso.