Exclusivo

América Latina

Exílio do candidato da oposição venezuelana vale críticas ao Governo espanhol

Em Madrid, Edmundo González lança uma mensagem conciliadora, apelando ao “diálogo entre venezuelanos” para superar a crise política. Aliados do opositor temem que a saída do país favoreça o regime autoritário de Nicolás Maduro e direita espanhola critica Sánchez por não reconhecer como Presidente eleito o homem que venceu nas urnas

Edmundo González Urrutia
picture alliance

Espanha não deu qualquer contrapartida de tipo político ao regime bolivariano da Venezuela, chefiado por Nicolás Maduro, ao acolher como exilado político o seu adversário nas presidenciais de 28 de julho, Edmundo González Urrutia (75 anos). Os salvo-condutos que o Governo de Caracas deu para permitir que este último viajasse para Espanha são fruto de uma negociação de caráter humanitário destinada a preservar a segurança do candidato da oposição.

Maduro suscitou amplo repúdio internacional ao atribuir-se uma vitória que nenhum documento confirma. O Executivo espanhol, encabeçado pelo socialista Pedro Sánchez, não reconhece o herdeiro de Chávez como Presidente legítimo da Venezuela, conforme recordou o ministro dos Negócios Estrangeiros, José Manuel Albares, no avião que o levou à China, onde acompanhou o primeiro-ministro numa visita oficial.

González, diplomata que chegou a ocupar o cargo de embaixador da Venezuela na Argentina, entre outros destinos, era até ao início deste ano um desconhecido para a opinião pública. Domingo à tarde chegou a Espanha, onde reside há algum tempo a sua filha Carolina, uma de dezenas de milhares de compatriotas que tiveram de optar pela expatriação face à degradação económica, social e política da Venezuela. O veterano funcionário tornou-se escolha de compromisso da oposição venezuelana, chefiada por María Corina Machado, que foi inabilitada pelas autoridades eleitorais e impedida de concorrer.