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América Latina

O futuro da Argentina segundo Milei: flexibilização do mercado de trabalho por decreto, desregulação da economia e proteção de manifestações

Em dez dias, o novo Presidente ouviu os primeiros protestos depois de ter revogado e alterado leis. Houve pequenas manifestações nas principais esquinas de Buenos Aires e muitos foram até ao Congresso ao ritmo metálico das caçarolas. Mas o chefe de Estado já adotou medidas para conter as expressões de descontentamento popular

Javier Milei, Presidente da Argentina
Luciano Gonzalez/EPA

O anúncio de 30 das mais de 366 medidas do megadecreto de 83 páginas de Javier Milei chegou quarta-feira, às 21 horas de Buenos Aires. Três horas antes dera-se o primeiro protesto contra o novo Governo, que o novo Presidente conseguiu esvaziar e conter, graças a um protocolo que regula as manifestações e proíbe o bloqueio de ruas, avenidas e estradas.

O que o chefe de Estado não esperava é que uma segunda manifestação espontânea mostrasse que está a esgotar-se a paciência de uma significativa parcela da população, não tanto pelo decreto em si, mas pela vertiginosa inflação. Nas últimas três semanas, os preços têm sido remarcados duas ou três vezes por semana, num ritmo acima de 100%. O próprio ministro da Economia, Luis Caputo, admite que a inflação diária é de 1%, projetando para dezembro uma inflação acima de 30%.

O anúncio de Milei vem na esteira das dez medidas de urgência do denominado “Plano Motosserra”, divulgado na semana passada, que aponta para um ajuste fiscal da ordem de 5,2% do Produto Interno Bruto ao longo de 2024.