Os 13 milhões de equatorianos que vão às urnas no próximo domingo têm de vencer um fantasma que pode pôr em causa a democracia. O fantasma tem nome, chama-se “medo, e vai desempenhar um papel importante nas eleições gerais do próximo domingo no Equador”, diz ao Expresso o professor de Ciência Política Felipe Botero. “A situação de segurança no país é difícil e crítica, a campanha eleitoral já estava a ser marcada pela insegurança antes do assassínio do candidato Fernando Villavicencio [morto a tiro à saída de um comício no passado dia 9], mas a sua morte enfatiza esta sensação de insegurança”, acrescenta este especialista em processos eleitorais na região, que dá aulas na Universidade de Los Andes, Colômbia.
O Equador “era um país historicamente tranquilo, mas a situação alterou-se radicalmente nos últimos 10 a 15 anos por causa do narcotráfico”, explica. “À medida que as autoridades colombianas foram reforçando a luta contra o narcotráfico, os narcotraficantes deslocaram-se” para o vizinho Equador, país encaixado entre a Colômbia e o Peru — dois grandes produtores de coca — e o oceano Pacífico. Acresce a este caldo explosivo o facto de Guayaquil, a cidade mais populosa do país, “possuir um grande porto [que pode funcionar como canal de exportação da droga]” e de a economia estar dolarizada desde janeiro de 2000, diz o especialista. De acordo com “The New York Times” (de 12 de julho), a “violência relacionada com a droga começou a aumentar em 2018, quando os grupos criminosos locais começaram a competir por melhores posições no negócio. No início, a violência estava confinada principalmente às prisões [que funcionaram como bases operacionais do narcotráfico], segundo especialistas que estudam o Equador”.