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Alemanha

Schwäbisch Gmünd era uma cidade modelo a acolher imigrantes, mas o autarca local diz que não pode “governar contra a vontade do povo”

Povoação do Sul da Alemanha foi, nos últimos anos, referência nas políticas de integração. Mesmo com 140 nacionalidades numa cidade de 64 mil habitantes, a criminalidade baixou e a taxa de empregabilidade dos estrangeiros é superior à média nacional. Agora, o presidente da Câmara pede uma pausa na receção de imigrantes: “Não posso governar contra a vontade do povo”

Schwäbisch Gmünd é uma cidade alemã com 64 mil habitantes
Tiago Carrasco

Um barco de pesca repousa na margem do riacho Josefsbach, em Schwäbisch Gmünd, no sul da Alemanha, 60 quilómetros a leste de Estugarda. É um corpo estranho na paisagem típica da Suábia: além de o canal não ser navegável, a embarcação, de nove metros de comprimento e três de largura, tem o motor danificado, chinelos e roupas esburacadas no convés. Não chegou ali através das águas que cintilam à luz do sol de inverno.

“Veio de Lampedusa”, explica Richard Arnold, 66 anos, presidente da Câmara desde 2009. “Transportou 40 imigrantes da Somália, Eritreia, Sudão, em 2019, até ter sido resgatado pela Guarda Costeira italiana. Está aqui em homenagem a todos os que arriscam a vida para chegar à Europa.” Conta isto com orgulho, pois o acolhimento sempre foi uma das suas bandeiras.