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Direita alemã fez cair o cordão sanitário mas rejeita aliança com AfD: “Vai ser o Governo mais à direita desde a II Guerra Mundial”

Nas últimas semanas de campanha eleitoral na Alemanha, Friedrich Merz, provável futuro chanceler, aceitou que a sua União Democrata-Cristã beneficiasse dos votos da extrema-direita em questões de imigração. Que possibilidades há de um acordo de coligação após as legislativas de 23 de fevereiro? Sobreviverá o cordão sanitário, já violado nos últimos dias?

Cartoon satírico que mostra uma aliança entre Alice Weidel, da AfD, e Friedrich Merz, da CDU
Omer Messinger

Na Alemanha, a CDU (União Democrata-Cristã) estabelecia, em 2018, um firme cordão sanitário contra a extrema-direita (o Unvereinbarkeitsbeschluss). Ainda liderado por Angela Merkel, o partido excluía categoricamente coligações e qualquer forma de cooperação com a Alternativa para a Alemanha (AfD, extrema-direita). Apesar desta decisão, registaram-se pontuais casos de contacto e cooperação informal a nível municipal. A nível federal, porém, os acontecimentos da semana passada no Parlamento, onde a AfD apoiou um projeto de lei da CDU, marcaram um momento de viragem.

Friedrich Merz, líder da CDU que fez da imigração o foco da campanha para as eleições de 23 de fevereiro, apresentou dois projetos de lei que restringem severamente os fluxos migratórios. Embora a proposta não vinculativa tenha sido aprovado por uma pequena maioria, a Lei de Limitação de Influxo não sobreviveu ao segundo teste no Parlamento. Entre os deputados que votaram contra o projeto estavam alguns do próprio partido de Merz.