Na Alemanha, a CDU (União Democrata-Cristã) estabelecia, em 2018, um firme cordão sanitário contra a extrema-direita (o Unvereinbarkeitsbeschluss). Ainda liderado por Angela Merkel, o partido excluía categoricamente coligações e qualquer forma de cooperação com a Alternativa para a Alemanha (AfD, extrema-direita). Apesar desta decisão, registaram-se pontuais casos de contacto e cooperação informal a nível municipal. A nível federal, porém, os acontecimentos da semana passada no Parlamento, onde a AfD apoiou um projeto de lei da CDU, marcaram um momento de viragem.
Friedrich Merz, líder da CDU que fez da imigração o foco da campanha para as eleições de 23 de fevereiro, apresentou dois projetos de lei que restringem severamente os fluxos migratórios. Embora a proposta não vinculativa tenha sido aprovado por uma pequena maioria, a Lei de Limitação de Influxo não sobreviveu ao segundo teste no Parlamento. Entre os deputados que votaram contra o projeto estavam alguns do próprio partido de Merz.