Na Gronelândia, a pressão de Donald Trump tornou os debates sobre a independência mais urgentes. “Não necessariamente porque a independência esteja mais próxima, mas o debate está mais polarizado, uma vez que uma minoria sonora quer usar o interesse de Trump como alavanca nas negociações com a Dinamarca sobre as suas condições”, admite, em declarações ao Expresso, Ulrik Pram Gad, investigador no Instituto Dinamarquês de Estudos Internacionais.
Na noite de terça-feira, quando discursava perante o Congresso, o Presidente americano deixou uma mensagem especial para o “povo incrível da Gronelândia”, pela qual manifestou interesse repetidas vezes. Trump voltou a declarar querer adquirir a ilha, fosse através da “compra” ou pela força. “Apoiamos fortemente o seu direito de determinar o seu próprio futuro”, assegurou, fazendo uma breve pausa durante o discurso no Congresso, para se dirigir diretamente aos groenlandeses. Depois, confiante, acrescentou: “Vamos torná-los ricos”.
Os gronelandeses não estão entusiasmados com a ideia, muito pelo contrário. Ainda assim, um efeito as intenções manifestadas por Trump tiveram: “A pressão retórica dos Estados Unidos irá agudizar a discussão sobre a relação da Gronelândia com a Dinamarca e a Europa, e a forma como o investimento estrangeiro é facilitado.” Quem o antevê é Thomas Hughes, professor de ciência política na Universidade Mount Allison, depois de anos de conversações internas e discussões com a Dinamarca sobre a natureza da relação entre a maior ilha do mundo e aquele país.