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Javid Abdelmoneim: o médico que já trabalhou em mais de 80 países, esteve no meio da guerra e acredita que “a Índia é a farmácia do mundo”

Esteve dois meses em Gaza no verão e diz que tudo o que vemos na televisão é verdade. Os profissionais de saúde, conta ao Expresso o médico britânico, sudanês e iraniano Javid Abdelmoneim, são diretamente atacados pelo exército israelita, principalmente os chefes das várias especialidades, que treinavam outros médicos. Denunciar o que lá viu é, neste momento, a sua principal luta. Mas tem outras, que vêm de muito antes desta guerra. Entre as mais difíceis está a defesa de mais investigação para doenças negligenciadas, mais medicamentos para países pobres e o reconhecimento da Índia como “farmácia do mundo”


Javid Abdelmoneim, médico britânico com família sudanesa e iraniana que já esteve em mais de 80 países como médico humanitário
Nora Guicheney/MSF

Javid Abdelmoneim trabalha há 15 anos com os Médicos Sem Fronteiras (MSF). Nesse tempo visitou mais de 80 países, quase todos com sistemas de saúde profundamente deficitários, por falhas crónicas de investimento no sector, corrupção, desastres naturais ou guerras prolongadas. Iraniano e sudanês, nascido no Reino Unido, juntou-se aos MSF primeiro como voluntário.

Foi um daqueles jovens que tentam parar pessoas nas ruas mais movimentadas da cidade para lhes explicar a importância de pressionar as farmacêuticas a investir em medicamentos para os países mais pobres. Mantém-se bastante cético nesse aspeto, especialmente depois de ter visto de perto a inoperância da indústria quanto ao ébola, e depois a sua hiperatividade para tentar encontrar uma solução para a covid-19.

Venceu o Prémio da Associação da Imprensa Estrangeira do Reino Unido, o prémio de Melhor História Científica do Ano Vencedor, com um episódio sobre Gaza na série da Al Jazeera The Cure e o documentário da HBO Ébola, The Doctors Story (2017), pré-selecionado para os Prémios Emmy de Jornalismo e Documentário e para os BAFTA.