Ursula von der Leyen decidiu que os seus comissários não irão às reuniões de ministros informais em Budapeste. Uma decisão inédita da presidente da Comissão anunciada na rede social X e justificada com "os recentes acontecimentos do início da Presidência húngara da UE". Por outras palavras, mostra assim o descontentamento com as viagens de Victor Orbán a Moscovo e China para falar da Guerra na Ucrânia, sem ter um mandato dos 27 e quando não tem competência para isso.
Os comissários vão continuar a ir às reuniões formais em Bruxelas - aquelas em que se tomam decisões - mas não irão às que tiverem lugar na capital húngara. Esta terça-feira, há uma reunião de ministros da Energia em Budapeste e na próxima semana haverá uma de Ministros do Interior e Administração Interna, onde deveria participar a Comissária Ylva Johanssen que tem essa pasta. Porém, será um "alto funcionário" do executivo a marcar presença.
A Comissão confirma ainda que também não realizará a habitual visita do Colégio de comissários, ao país que tem a presidência rotativa da UE.
Este tipo de boicote está também a ser considerado por vários Estados Membros, e alguns ministros têm estado a faltar às reuniões em Budapeste. O Governo dos Países Baixos já veio dizer que a decisão de enviar ministros é decidida caso a caso. Já Portugal ainda está a decidir.
E enquanto os Governos acenam com a possibilidade de faltar às reuniões de ministros informais como forma de mostrar desagrado, Von der Leyen assume publicamente que os seus comissários não põem o pé em Budapeste. Um boicote que não tem para já data de fim, e que não se aplica à reunião de Ministros dos Negócios Estrangeiros informal que acontece no final de agosto e que é presidida não pelo ministro húngaros, mas pelo chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell. Fora do boicote está também a cimeira informal de líderes em novembro.
O governo de Viktor Orbán já mostrou que não gostou. E responde também na rede social X. "
"A Comissão não pode escolher quais as instituições e os Estados-Membros com quem quer cooperar. Será que todas as decisões da Comissão se baseiam agora em considerações políticas?", questiona o ministro dos Assuntos Europeus. Acrescenta János Bóka que todos os países foram convidados para as reuniões destinadas a "falar dos desafios comuns" e que esta é uma "responsabilidade de todos".
Já a eurodeputada do Fidesz Kinga Gál acusa Von der Leyen de usar "o boicote como parte de uma estratégia de campanha". A alemã é votada esta quinta-feira no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, e anda numa corrida final para garantir pelo menos 361 votos a favor.