A coligação de partidos de esquerda Nova Frente Popular promete um aumento "maciço" dos salários para reativar a economia através do consumo.
Segundo a NFP, o atual executivo francês "fracassou" e a prova que apresentou foi o facto do Governo "ter sido sancionado pelas agências de notação", que começaram a baixar a nota da dívida pública devido ao elevado nível de défice (5,5% do Produto Interno Bruto em 2023), e também pela Comissão Europeia, que na quarta-feira abriu um procedimento por défice excessivo à França, à semelhança do que aconteceu com outros países membros.
Em contraste com a estratégia de Macron, a Nova Frente Popular tem a intenção é “colocar o Estado no centro da economia” e que isso será responsável por "arrastar o conjunto" de todos os setores.
O objetivo é "um relançamento keynesiano", teoria que defende que o Estado deve intervir na economia sempre que for necessário, que se basearia "numa recuperação salarial maciça", disse Vallaud, antes de explicar aos empresários reunidos numa sala de exposições no centro de Paris que o aumento do consumo levaria a um aumento da carteira de encomendas das suas empresas.
Um dos pontos centrais do programa da Nova Frente Popular, e um dos mais criticados por parte das entidades patronais, é precisamente o aumento do salário mínimo para 1.600 euros líquidos por mês (atualmente é de quase 1.400 euros) e a indexação dos salários à inflação.
A NFP garante que vai compensar os custos adicionais que esta medida terá para as Pequenas e Médias Empresas (PME) com ajudas públicas, propondo também um “protecionismo social e ambiental nas fronteiras da Europa” para proteger a produção das importações.
Éric Coquerel, que representa a ala mais radical da Nova Frente Popular, também tentou acalmar a grande preocupação que os empregadores demonstraram em relação às suas propostas, afirmando que não contemplam "uma explosão do défice" porque uma grande parte do aumento das despesas seria financiada por um maior crescimento económico.
No entanto, o deputado da LFI disse que tencionam "discutir" a regra do limite máximo do défice de 3% do Produto Interno Bruto (PIB), estabelecido pelo Pacto de Estabilidade da União Europeia (UE), e embora excluam a saída da França da zona euro, pretendem renegociar estes acordos, fazendo valer a força e a influência de Paris, um dos principais motores da economia do bloco europeu.
A este respeito, sublinhou que o Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, esqueceu a urgência de reduzir o défice público, colocando-o para trás de outras prioridades, como o programa IRA de ajuda maciça à produção e à descarbonização da economia.
Relativamente aos aumentos de impostos que a coligação de esquerda programou para compensar parcialmente o aumento da despesa pública, Boris Vallaud referiu que o esforço crucial não terá de ser feito pelas empresas, mas pelos mais ricos, com o restabelecimento do chamado Imposto sobre a Fortuna (ISF), que poderá ter uma taxa de 1-2%. Para a NFP, esta medida servirá para corrigir a situação atual em que "a classe média paga os impostos que os multimilionários não pagam".
*Artigo editado e atualizado