Internacional

Legislativas em França: eleitores votam este domingo com extrema-direita na frente das sondagens

Os franceses começaram a votar em legislativas antecipadas. As mais recentes sondagens dão uma vitória para a extrema-direita, o que pode mergulhar França num cenário de instabilidade

Jordan Bardella, candidato do Reagrupamento Nacional, ao lado do retrato da presidente do partido, Marine Le Pen
Getty Images

Os franceses são chamados este domingo a votar em legislativas antecipadas, numas eleições que serão marcadas pela subida da extrema-direita e que podem mergulhar França num cenário de instabilidade.

Nestas eleições estão em causa os 577 lugares da Assembleia Nacional (parlamento). Caso nenhum partido consiga hoje mais de 50% dos votos (ou seja, pelo menos 289 eleitos) — um cenário provável —, haverá uma segunda volta, já marcada para o próximo domingo, dia 7 de julho.

As legislativas, que deveriam acontecer apenas em 2027, foram convocadas de forma surpreendente pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, após a derrota do seu partido (Renascimento) e a acentuada subida da Reagrupamento Nacional (RN, de extrema-direita), nas eleições para o Parlamento Europeu de 9 de junho.

As mais recentes sondagens, publicadas na sexta-feira, último dia de campanha eleitoral, davam conta de uma subida da extrema-direita, que poderá obter 37% dos votos, juntamente com os seus aliados conservadores.

Em segundo lugar, a nova Frente Popular, que reúne os partidos de esquerda, obteria 28% dos votos. Já a maioria cessante do Presidente francês acentuaria a sua queda, situando-se nos 20%.

Os Republicanos (LR), o partido tradicional de direita, registou uma cisão liderada pelo seu presidente, Éric Ciotti, que se aliou a Marine Le Pen e a Jordan Bardella, do RN.

Se a vitória da extrema-direita nestas eleições parece certa, já o cenário pós-eleições gera mais dúvidas: caso não haja maiorias claras e se os partidos falharem acordos para uma coligação governamental, pode verificar-se um impasse, uma situação inédita em França.

Um cenário que poderia prolongar-se até julho de 2025, já que Macron não poderia voltar a convocar eleições legislativas no período de um ano.

Caso outras forças políticas consigam formar governo, instala-se um regime de coabitação, em que o executivo pode implementar as suas propostas, eventualmente desviando-se da política do Presidente.

Mesmo desafiado por Marine Le Pen a demitir-se caso a extrema-direita vença as eleições, Macron já garantiu que o seu mandato é para cumprir até ao fim, em maio de 2027.