O presidente argentino Javier Milei provocou este domingo um incidente diplomático ao dizer, num discurso proferido durante o encerramento do Europa Viva24 - a convenção das direitas promovida em Madrid pelo partido Vox -, que Begoña Gómez, mulher do primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez, é “corrupta”.
“Não sabem que tipo de sociedade pode produzir o socialismo, que laia de gente aparafusada ao poder e que tipo de abusos pode gerar”, clamou Milei perante a ovação do público, citado pela cadeia Telecinco, continuando: “Mesmo quando têm a mulher corrupta e tiram cinco dias para pensar…”
O chefe do executivo argentino fazia alusão à investigação que recai desde abril sobre Begoña Gómez, a partir de uma denúncia de tráfico de influências.
O PSOE já exigiu a Alberto Núñez Feijóo, líder do Partido Popular (PP), que condenasse deforma “clara e contundente” os “insultos” de Milei. “É intolerável que um mandatário estrangeiro profira estas declarações e o faça no âmbito de uma convenção ‘ultra’ do partido que tem como aliado o PP”, declarou a direção do PSOE, citada pelo jornal “ABC”.
Os socialistas foram os principais visados na intervenção do presidente argentino, um dos convidados especiais da convenção, à qual também assistiram André Ventura, do Chega, Marine Le Pen da União Nacional, e Mateuwsz Morawiecki, ex-primeiro-ministro polaco, do Lei e Justiça (PiS), além de Jose Antonio Kast (ex-presidente do Chile) e Amichai Chikli, ministro israelita da Luta Contra o Antissemitismo. O evento contou ainda com a participação, por videoconferência, da primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, do partido Irmãos de Itália, e do seu homólogo húngaro, Viktor Orbán, do Fidesz.
O show de Milei
Javier Milei entrou no palco a entoar os versos de um tema ‘Panic Show’, originalmente cantado por La Renga, um grupo de hard-rock argentino, mas cuja letra o dignatário modificou para atacar os zurdos [a esquerda]. “Olá a todos, eu sou o leão”, começava a canção.
Após este começo fortemente aclamado, Milei prosseguiu dizendo ser preciso “acabar com o socialismo”, que “assassinaram 150 milhões de seres humanos”. “[O socialismo] conduz necessariamente à escravatura ou à morte, não há outro destino possível. Abrir a porta ao socialismo é um convite à morte”, ouviu-se-lhe afirmar.