O chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, disse hoje ao homólogo russo, Sergei Lavrov, que Pequim quer "reforçar a cooperação estratégica" com Moscovo e apoia o "desenvolvimento estável da Rússia" sob a liderança do Presidente Vladimir Putin.
"A China apoia o desenvolvimento estável da Rússia sob a liderança de Putin", afirmou Wang Yi, citado pela agência de notícias russa RIA Novosti.
"Como vizinho amigável e parceiro estratégico absoluto da Rússia, apoiaremos firmemente o desenvolvimento estável e o rejuvenescimento da Rússia sob a liderança do seu Presidente", acrescentou.
Segundo a mesma fonte, Wang Yi disse que "Pequim e Moscovo vão continuar a reforçar a cooperação estratégica na cena internacional e a apoiar-se mutuamente".
Sobre as eleições recentemente realizadas na Rússia, Wang Yi destacou a reeleição de Putin com "nível recorde de apoio".
"O apoio popular é uma fonte de progresso na Rússia", vincou.
Lavrov agradeceu a Pequim "o apoio" dado a Vladimir Putin após a sua recente reeleição, de acordo com um vídeo publicado pelo órgão russo Izvestia, numa eleição em que nenhum rival forte se conseguiu candidatar.
O Presidente chinês, "Xi Jinping, (...) foi dos primeiros a enviar felicitações ao Presidente eleito Putin, e estamos gratos aos nossos amigos chineses por este apoio", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros russo ao homólogo, segundo a mesma fonte.
Lavrov afirmou durante o encontro que os dois países "continuarão a cooperar na luta contra o terrorismo", após o ataque de março passado a uma sala de concertos nos arredores de Moscovo, que causou a morte de mais de 140 pessoas, e um ataque no Paquistão que causou a morte de cinco trabalhadores chineses.
O chefe da diplomacia russa chegou à China na segunda-feira para uma visita oficial de dois dias, numa altura em que Pequim e Moscovo procuram reforçar as relações diplomáticas, apesar de a Rússia prosseguir a ofensiva na Ucrânia.
Citado pelo jornal oficial Global Times, o académico chinês Cui Heng disse que a visita do ministro dos Negócios Estrangeiros russo, que recentemente celebrou 20 anos à frente da diplomacia do seu país, "poderá servir de prelúdio à primeira visita de Putin ao estrangeiro após a sua reeleição", uma possibilidade que tem sido avançada pelos órgãos de comunicação internacionais para o próximo mês de maio.
A chegada de Lavrov coincidiu com o último dia da visita oficial que a secretária do Tesouro norte-americana, Janet Yellen, efetuou ao país asiático.
Nos encontros de sexta-feira e sábado com o vice-primeiro-ministro chinês He Lifeng, Yellen advertiu que as empresas, incluindo as chinesas, não devem fornecer apoio material à guerra da Rússia contra a Ucrânia.
A China recusou condenar a Rússia pela invasão da Ucrânia e criticou a imposição de sanções contra Moscovo. O país asiático tem prestado importante apoio político, diplomático e económico à Rússia. O comércio bilateral registou, em 2023, um crescimento homólogo de 26,3%, para 240 mil milhões de dólares (223 mil milhões de euros).
Em dezembro passado, Xi Jinping voltou a frisar que manter relações robustas com a Rússia é uma "escolha estratégica" da China, durante uma reunião com o primeiro-ministro russo, Mikhail Mishoustin, em Pequim.
Pequim, que se apresenta como parte neutra no conflito na Ucrânia, defende uma solução política para pôr fim aos combates.
O país asiático é regularmente convidado pelo Ocidente a desempenhar um papel mais ativo na resolução das hostilidades, utilizando a sua influência sobre Moscovo.
Lavrov elogiou papel construtivo da China na Guerra na Ucrânia
O chefe da diplomacia russa, Sergey Lavrov, saudou esta terça-feira, em Pequim, a "posição imparcial" da China sobre a guerra na Ucrânia, bem como "a sua vontade de desempenhar um papel construtivo" na "resolução da crise de uma forma política".
"[Os chineses] tomaram em consideração as razões pelas quais este conflito eclodiu e mostraram o seu empenho em encontrar uma solução", disse Lavrov, numa conferência de imprensa transmitida pelos órgãos estatais russos, no final da sua visita à capital chinesa.
No entanto, o diplomata avisou que a Rússia não participará em nenhum evento internacional que não tenha em conta a posição russa sobre a guerra e sublinhou que as relações entre Moscovo e Pequim se encontram num "nível elevado sem precedentes".
A China recusou condenar a Rússia pela invasão da Ucrânia e criticou a imposição de sanções contra Moscovo. O país asiático tem prestado importante apoio político, diplomático e económico à Rússia. O comércio bilateral registou, em 2023, um crescimento homólogo de 26,3%, para 240 mil milhões de dólares (223 mil milhões de euros).
Em dezembro, o Presidente chinês, Xi Jinping, voltou a frisar que manter relações robustas com a Rússia é uma "escolha estratégica" da China, durante uma reunião com o primeiro-ministro russo, Mikhail Mishoustin, em Pequim.
Lavrov criticou também hoje as "sanções ilegais" impostas pelo Ocidente contra a Rússia e outros países, após uma reunião com o homólogo chinês, Wang Yi.
O Ocidente está a "impor sanções ilegais contra uma série de Estados, sendo a Rússia um deles", disse Lavrov, em conferência de imprensa, acrescentando que "esta política também está a ser ativamente aplicada contra a China".
O Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, afirmou que China e Rússia devem estar do lado da "equidade e da justiça".
"Enquanto membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas e grandes potências emergentes, a China e a Rússia devem posicionar-se claramente do lado do progresso histórico, da equidade e da justiça", afirmou Wang.
Acrescentou que as duas partes "continuarão a manter intercâmbios estreitos sob várias formas".
Manter boas relações com Moscovo é vista por Pequim como crucial para contrariar a ordem democrática liberal dominada pelos Estados Unidos e países aliados. É também uma forma de assegurar estabilidade na fronteira terrestre com a Rússia, que tem mais de 4.300 quilómetros de extensão, e fornecimento estável de energia.
Esta condição permite a Pequim concentrar recursos nas áreas costeiras e mares circundantes, onde os Estados Unidos mantêm várias bases militares em países aliados, segundo analistas de política externa chineses.
A China quer afirmar-se como a principal potência no leste da Ásia e diluir o domínio geoestratégico norte-americano na região. A reunificação de Taiwan, localizado entre o Mar do Sul da China e o Mar do Leste da China, no centro da chamada "primeira cadeia de ilhas", é um objetivo primordial no projeto de "rejuvenescimento da nação chinesa", lançado pelo Presidente chinês, Xi Jinping.
As reivindicações territoriais sobre Taiwan e o Mar do Sul da China suscitaram tensões entre Pequim e quase todos os países vizinhos, desde o Japão às Filipinas. A crescente assertividade da China no Indo-Pacífico levou já à formação de parcerias regionais lideradas pelos Estados Unidos, incluindo o grupo Quad ou o pacto de segurança AUKUS, que propôs esta semana a inclusão do Japão.