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Economia: o prémio que Alfred não previu, mas que a sua fundação abraçou

Não é formalmente um prémio Nobel, mas é administrado pela Fundação Nobel. Desde 1969, um galardão equiparado às cinco categorias Nobel premeia quem se destacou na área das Ciências Económicas. Só duas mulheres o venceram. Um matemático brilhante laureado inspirou um filme

Busto de Alfred Nobel, exposto na Câmara Municipal de Estocolmo, a cidade onde ele nasceu
FREDRIK SANDBERG

Alfred Nobel não contemplou um Nobel da Economia, no seu testamento, o documento onde detalhou a atribuição dos outros cinco prémios (Medicina, Física, Química, Literatura e Paz). A ideia de premiar também as Ciências Económicas surgiu apenas em 1968, por iniciativa do Banco Central da Suécia, que nesse ano assinalava o seu 300.º aniversário. Nobel morrera em 1896.

Foi então instituído o Prémio do Banco Central da Suécia em Ciências Económicas em Memória de Alfred Nobel, administrado pela Fundação Nobel. Esta segunda-feira, pelas 10h45, a Real Academia Sueca de Ciências anunciará o vencedor deste ano. O anúncio pode ser acompanhado neste link.

Desde o início da atribuição deste galardão, os Estados Unidos dominam de forma esmagadora. Dos 54 anos em que o prémio foi atribuído, apenas em nove não houve um laureado nascido nos Estados Unidos ou naturalizado norte-americano.

Segundo um relatório de novembro de 2022 do Instituto de Pesquisa sobre Imigração da Universidade George Mason (Virginia, EUA), desde 1901 e até 2020, nos Estados Unidos, os imigrantes constituíam 15% de todos os laureados com o Nobel, nas seis categorias. A percentagem corresponde a 148 laureados.

8 CURIOSIDADES

1. VENCEDORES ÚNICOS SÃO MINORIA
Em 54 edições do Prémio da Economia, já foram consagradas 92 personalidades. Por nove vezes, o galardão foi partilhado por três pessoas (o máximo que os estatutos permitem). Em 20 vezes, foram dois os laureados, e em 25 um único economista concentrou todo o reconhecimento. O vencedor é distinguido com os outros laureados, numa cerimónia em Estocolmo (só o Nobel da Paz é atribuído em Oslo).

2. DUAS MULHERES ENTRE MUITOS HOMENS
Foi preciso esperar pelo século XXI para que uma mulher vencesse este prémio. Aconteceu em 2009, quando a norte-americana Elinor Ostrom fez história e foi reconhecida “pela sua análise da governação económica, sobretudo dos bens comuns”. Dez anos depois, a francesa Esther Duflo (naturalizada norte-americana) tornou-se a segunda e última mulher galardoada “pela sua abordagem experimental para aliviar a pobreza global”.

3. UMA MENTE BRILHANTE
Lançado em 2001, o filme “Uma Mente Brilhante” (“A Beautiful Mind”, no original), de Ron Howard, é um drama biográfico interpretado por Russell Crowe sobre o matemático norte-americano John Nash, a quem foi diagnosticada esquizofrenia paranoica em 1959. A doença não impediria que vencesse o Prémio de Economia, em 1994. Realizado por Ron Howard, o filme ganhou quatro óscares, incluindo Melhor Filme. Nash morreu de forma trágica em 2015, num acidente de viação, juntamente com a mulher.

4. A MAIS NOVA E O MAIS VELHO
Esther Duflo tinha apenas 46 anos quando venceu o Prémio da Economia, em 2019. Esta parisiense tornou-se a mais jovem laureada nesta categoria, estatuto que mantém até hoje. Em contraponto, o economista mais velho a receber este galardão foi o russo naturalizado norte-americano Leonid Hurwicz que tinha 90 anos quando obteve este reconhecimento, em 2007. Hurwicz nasceu em Moscovo e morreu em Mineápolis.

5. UNIVERSIDADES AMERICANAS DE EXCELÊNCIA
No momento do anúncio do Prémio de Economia, 14 laureados faziam parte dos quadros da Universidade de Chicago (Illinois). Em todo o mundo, é a instituição académica que mais galardoados celebrou, nesta categoria. Seguem-se-lhe a Universidade de Harvard e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), ambos com oito premiados e ambos localizados no estado do Massachusetts.

6. CASAIS APAIXONADOS PELA ECONOMIA
Economistas no MIT, o matrimónio formado pela francesa Esther Duflo e pelo indiano Abhijit Banerjee (ambos naturalizados norte-americanos) venceu o prémio das Ciências Económicas em 2019. Um dos primeiros economistas galardoados foi Gunnar Myrdal, em 1974, à época casado com Alva Reimer Myrdal, política e diplomata sueca que haveria de receber o Nobel da Paz em 1982.

7. IRMÃOS DEDICADOS
Quatro anos separam as conquistas de dois irmãos holandeses, nascidos na cidade de Haia. Em 1969, Jan Tinbergen tornou-se o primeiro laureado de sempre com o Prémio em Ciências Económicas. Em 1973, o seu irmão Nikolaas Tinbergen, mais novo quatro anos, foi galardoado com o Nobel da Medicina.

8. TODOS OS ANOS, SEM FALHA
Contrariamente às outras cinco categorias, o Prémio da Economia foi atribuído todos os anos desde que foi criado, num total de 54 vezes. O Nobel da Medicina não foi atribuído nove vezes, o da Física por seis ocasiões e o da Química oito. O Nobel da Literatura não foi entregue em sete vezes e o da Paz por 19 vezes.