Internacional

Primeiro-ministro da Arménia está a "aumentar tensões com Moscovo", diz Beniamin Matevossian

O chefe do Governo da Arménia, Nikol Pashinian, discursou este domingo na televisão e classificou as atuais alianças do seu país como "ineficazes", numa alusão explícita às relações de Erevan com Moscovo. O analista independente arménio Beniamin Matevossian diz que é mais “um caso de chantagem do que de uma mudança de linha de política externa” para Pashinian tentar manter apoio popular

Nikol Pashinian
TURAR KAZANGAPOV/Reuters

O primeiro-ministro arménio anunciou este domingo uma mudança de políticas de alianças que altera a zona de influência russa no Cáucaso. Num discurso feito na televisão, Nikol Pashinian, descreveu as actuais alianças do seu país como "ineficazes", numa alusão explícita às relações de Erevan com Moscovo, herança da época em que a Arménia era uma república da União Soviética.

Os recentes acontecimentos no Nagorno-Karabakh, contribuiram decisivamente para estas declarações de Pashinian, que o jornal francês Le Monde destaca. Com o discurso deste domingo, “Pashinian está deliberadamente a aumentar as tensões com a Rússia. Trata-se mais de um caso de chantagem do que de uma mudança de linha de política externa. Ele diz abertamente à Rússia que “se não mantiverem os arménios em Karabakh, deixarei a OTSC”, comenta o analista arménio independente Beniamin Matevossian, entrevistado pela AFP.

Cabe também, segundo o analista, ao primeiro-ministro arménio colocar a culpa em Moscovo, enquanto uma nova manifestação na capital arménia é anunciada no domingo à tarde, para denunciar a sua gestão da crise e a sua política de não intervenção militar. . “O discurso de Pashinian visa sobretudo mobilizar em torno dele não só os seus aliados políticos e o seu partido, mas também um círculo mais amplo de cidadãos” face ao protesto, reage o analista independente Hakob Badalyan, entrevistado pela agência AFP.

Organizações a que pertence Arménia

A Arménia faz parte da Organização do Tratado de Segurança Colectiva - OTSC, uma aliança militar criada em 2022 (liderada pela Rússia) que junta seis países da antiga União Soviética: Arménia, Bielorrússia, Cazaquistão, Quirquistão, Rússia e Tajaquistão.

A recente ofensiva do Azarbaijão no Nagorno-Karabakh estará na base destas declarações do primeiro-ministro arménio. Recorde-se que a Arménia tem uma base russa instalada “em Gyumri, que conta com vários milhares de soldados”, escreve o Le Monde.

O anúncio de domingo confirma um distanciamento crescente durante meses: a Arménia recusou-se em Janeiro a acolher manobras da OTSC e acaba de realizar exercícios militares com os Estados Unidos este mês, para grande desgosto dos russos.