Internacional

Onda de protestos contra o Governo da Arménia por causa do Nagorno-Karabakh

A incursão militar do Azerbaijão no Nagorno-Karabakh está a gerar uma onda de protestos contra o Governo arménio. Autoridades já detiveram mais de 50 pessoas desde terça-feira e o primeiro-ministro Nikol Pashinian, advertiu que as autoridades agiriam com dureza, mas no quadro da lei, para evitar distúrbios violentos

IRAKLI GEDENIDZE/REUTERS

As três maiores cidades arménias estão (este sábado) a ser palco de protestos pelo descontentamento causado pela capitulação das autoridades de Erevan na região de Nagorno-Karabakh, na sequência de uma rápida e breve operação militar do Azerbaijão no enclave.

Além da capital, Erevan, onde se realizam manifestações pelo quinto dia consecutivo, há também ações de protesto em Guiumri e Vanadzor. Cerca de 20 pessoas foram detidas em Erevan. Os manifestantes não bloquearam o trânsito nem tentaram invadir a sede do Governo como nos dias anteriores.

No total, desde terça-feira já foram detidas quase meia centena de pessoas em protestos antigovernamentais contra a inação das autoridades de Erevan durante a operação militar lançada pelo Azerbaijão e que levou à capitulação incondicional da autoproclamada república do Nagorno-Karabakh. O Comité de Investigação Arménio apresentou hoje 49 processos criminais contra manifestantes por participarem ou apelarem a motins em massa, entre outras acusações.

As forças da ordem também detiveram várias pessoas no sul do país, quando os manifestantes tentaram bloquear uma estrada, segundo os portais noticiosos arménios.

Oposição arménia apela à desobediência civil

Quinta-feira, por ocasião do dia da independência da antiga república soviética, o primeiro-ministro arménio, Nikol Pashinian, advertiu que as autoridades agiriam com dureza, mas no quadro da lei, para evitar distúrbios violentos.

A oposição arménia apelou para a desobediência civil, anunciou um processo de destituição contra Pashinian e apelou para protestos por tempo indeterminado.

Pashinian atribuiu os incidentes a familiares de antigos dirigentes do país e também de Nagorno-Karabakh, que acusou de provocarem o Governo para que houvesse "derramamento de sangue nas ruas de Erevan".

Protestos semelhantes ocorreram em 2020, quando os manifestantes também culparam Pashinian pela derrota de Nagorno-Karabakh na guerra com o exército do Azerbaijão, que permitiu a Baku recuperar parte do enclave montanhoso azeri, cuja população é maioritariamente arménia.

Simultaneamente, um outro grupo de opositores arménios entrou em greve de fome para exigir a demissão do primeiro-ministro, que pretende também negociar um tratado de paz com o Azerbaijão.

Representantes de Baku e de Nagorno-Karabakh, o território habitado pelos arménios que proclamou unilateralmente a independência em 1991, estão desde quinta-feira a negociar a integração da região no Azerbaijão e as garantias de segurança para os seus habitantes.