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Erdogan sente-se traído pelo Ocidente e, para já, continua a bloquear a adesão da Suécia à NATO

Em Nova Iorque para a Assembleia-Geral da ONU, preterido por Biden, o Presidente da Turquia sente-se uma vez mais traído pelo Ocidente, em quem confia tanto como Putin. Disparando em várias direções, não poupou Washington nem Bruxelas

O Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, a discursar na 78ª sessão da Assembleia-Geral das Nações Unidas
Murat Cetinmuhurdar/Anadolu/Getty Images

“Tenho tanto confiança em Putin como no Ocidente”, disse há três dias Recep Tayyip Erdogan em entrevista ao canal de televisão americano PBS, numa salva que resume bem o seu sentimento. “O Parlamento turco não está pronto a ratificar a adesão da Suécia”, confirmou depois, segunda-feira, perante jornalistas e analistas políticos, em mais um volte-face. Dois meses antes confirmara, triunfante, na última cimeira da NATO em Vílnius, que a Turquia levantava o veto à adesão daquele país escandinavo à Aliança Atlântica, que tinha bloqueado durante um ano.

Frustrado com a falta de avanço na venda de aviões F16 à Turquia, e com as “manifestações de terroristas, que deambulam livremente nas ruas de Estocolmo”, o chefe de Estado turco confirmou: “O meu Parlamento não vê os últimos desenvolvimentos com agrado, e não estão dispostos a ratificar o documento”. O Parlamento turco, onde o Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP) de Erdogan tem maioria absoluta, reinicia trabalhos em outubro depois da pausa estival, mas o Presidente ainda não enviou o documento ao hemiciclo para ratificação.