A poucos dias do Dia Nacional de França – que se celebra a 14 de julho em referência à data da tomada da Bastilha em 1789 – e com as tensões ainda a fazerem-se sentir, a segurança está a apertar no país.
O governo está a proibir a venda e uso de fogo de artifício até que as comemorações de 14 de julho terminem. Este tipo de material foi utilizado contra forças policiais nos protestos que se seguiram à morte de Nahel. “A fim de prevenir o risco de graves perturbações à ordem pública durante as festividades de 14 de julho, até ao dia 15 de julho, inclusive, é proibida a venda, porte, transporte e utilização de artigos de pirotecnia e fogo de artifício em todo o território nacional”, indica um decreto publicado este domingo.
Numa entrevista ao ‘Le Parisien’, a primeira-ministra francesa, Élisabeth Borne, disse que o governo vai mobilizar “meios maciços para proteger os franceses” nos dias 13 e 14 de julho. Borne alega que a população está “bastante preocupada” com a perpetiva de novos incidentes.
No sábado, centenas de manifestantes saíram à rua em Paris, desafiando uma decisão das autoridades que proibiram o protesto. Segundo a Reuters, a polícia tinha justificado a decisão com o “contexto de tensões” e registaram-se decisões idênticas noutras cidades: foi proibida uma manifestação em Lille e uma marcha em Marselha teve de passar por uma rota alternativa. A marcha de sábado era em memória de Adama Traore, um cidadão francês negro que morreu na prisão em 2016, e desde então realizava-se anualmente. O seu irmão, Yssoufou Traoré, foi detido na marcha de sábado e acusado de “violência contra um funcionário público”, escreveu o ‘Le Monde’.
Apesar de não surgir no contexto de segurança das celebrações nacionais em França, o ‘Le Monde’ noticiou na semana passada que os deputados deram luz verde a uma proposta de lei que prevê a possibilidade de a polícia espiar suspeitos ao ativar remotamente a câmara, microfone e GPS dos seus telemóveis e outros dispositivos. A medida, que se aplica em casos de crimes puníveis com pelo menos cinco anos de prisão.
No entanto, nem todas as medidas de segurança que estão a circular são reais, uma vez que a par das medidas de segurança surgiu também desinformação. O ministério do Interior francês fez recentemente duas publicações no Twitter a rejeitar alegações que estavam a circular sobre as forças policiais e restrições à internet. Perante uma imagem a indicar que França tinha recorrido a conselhos israelitas para a gestão de crises, o ministério descreveu que para responder aos acontecimentos da semana anterior a França “apoiou-se exclusivamente nas suas forças de segurança” e que “não recorreu a nenhum serviço estrangeiro”. E disse que um documento que anunciava restrições temporárias de acesso à internet é “falso”.