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Cinco perguntas e respostas para compreender a violência dos protestos em França

A morte do jovem Nahel, sobre quem um polícia disparou num controlo de trânsito, mobilizou sectores da sociedade francesa. Depois de três noites de protestos violentos, centenas de pessoas já foram detidas. O polícia está em prisão preventiva, os comboios vão parar de circular depois das 21h, está em cima da mesa ativar o estado de emergência, e o Presidente Emmanuel Macron pediu aos pais para manterem os filhos em casa

YOAN VALAT

A morte do jovem Nahel, terça-feira, num controlo de trânsito que foi captado por câmaras, gerou revolta em França. Os protestos que começaram na zona em que vivia, em Nanterre (arredores de Paris), emergiram também noutras cidades. Passadas três noites de confrontos entre o manifestantes e a polícia, centenas de pessoas foram detidas.

Que aconteceu a Nahel?

Nahel M. era um adolescente de 17 anos, cidadão francês com ascendência argelina e marroquina. Segundo o perfil traçado por “The New York Times”, era filho único e estava a ser criado pela mãe nos subúrbios da capital francesa. Sonhava vir a ser mecânico e jogava numa equipa desportiva local, a Ovale Citoyen. Esta descreveu, numa reação na rede social Twitter, que o adolescente tinha “iniciado um processo de integração” com a associação e “estava a construir um novo futuro”.

Na manhã de terça-feira, Nahel conduzia sem documentos quando foi mandado parar pela polícia por alegadas infrações rodoviárias. A emissora France24 descreve que a polícia inicialmente justificou o recurso à arma dizendo que Nahel estava a conduzir em direção ao agente. Acontece, porém, que um vídeo dos acontecimentos contrariou essa versão. As imagens mostram dois polícias junto ao carro que o jovem conduzia, e um deles a disparar à queima-roupa enquanto o carro se afasta rapidamente, antes de bater. O adolescente morreu no local.

Quinta-feira, o Ministério Público francês anunciou que o polícia responsável pela morte do jovem fora indiciado por homicídio com dolo e colocado em prisão preventiva. O procurador de Nanterre afirmou que a investigação inicial o levou a concluir que “as condições para o uso legal da arma não foram respeitadas”. Vai seguir-se uma investigação mais aprofundada.

Como evoluíram os protestos?

Os primeiros confrontos com a polícia deram-se logo na terça-feira, nos arredores de Nanterre, e recomeçaram no dia seguinte após o anoitecer. Mereceram críticas do Presidente Emmanuel Macron, que considerou injustificáveis as “cenas de violência” contra as “instituições da República”, referindo-se aos distúrbios dessa noite.