Internacional

Extrema-direita alemã conquista primeiro cargo na administração local

O partido Alternativa para a Alemanha elegeu, domingo, o seu primeiro chefe da administração de uma comarca numa região rural do Leste. A vitória acontece num momento em que o apoio a esta força extremista atinge níveis recorde

Robert Sesselman (ao centro) venceu as eleições para o condado de Sonneberg, na Turíngia (leste da Alemanha). Na imagem, recebe os parabéns de Björn Höcke (esquerda) e Tino Chrupalla, dirigentes do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha
Martin Schutt/Picture Alliance/Getty Images

O partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) elegeu pela primeira vez um chefe da administração local. Foi na segunda volta das eleições na comarca de Sonneberg, na Turíngia, no leste do país.

Na primeira volta, há duas semanas, o candidato da AfD, Robert Sesselmann, ficara à frente do opositor de centro-direita Jürgen Köpper, por 52,8% contra 47,2%. Sonneberg tem uma população relativamente pequena de 56.800 habitantes, mas a vitória é um marco simbólico para a AfD, partido com 10 anos de existência que tem obtido 18% a 20% das intenções de voto nas sondagens nacionais.

O Governo alemão — de coligação entre o Partido Social-Democrata (SPD, centro-esquerda) do chanceler Olaf Scholz, os Verdes e os Democratas Livres (liberais) — enfrenta fortes obstáculos devido à elevada imigração, o plano para substituir milhões de sistemas de aquecimento doméstico, e a inflação elevada. A oposição de centro-direita (União Democrata-Cristã, da antiga chanceler Angela Merkel e hoje liderada por Friedrich Merz, lidera as sondagens nacionais, mas com taxa de apoio inferior a 30%.

A AfD entrou pela primeira vez no Parlamento nacional em 2017, depois de ter feito uma forte campanha contra a migração, na sequência de um afluxo de refugiados à Europa nos anos anteriores. Ultimamente, tem-se manifestado contra o apoio alemão à Ucrânia.

Apesar de ter sido largamente evitada pelos partidos tradicionais, que criaram um cordão sanitário e rejeitam coligações com a AfD, esta estabeleceu-se como força duradoura, sobretudo no leste do país, anteriormente comunista e menos próspero. As suas ligações a neonazis fazem com que a AfD enfrente escrutínio crescente por parte da agência de informação interna da Alemanha.

A secção regional do partido na Turíngia é dirigida por uma figura da ala mais radical, Björn Höcke, recentemente acusado pelo Ministério Público por ter alegadamente utilizado, num discurso de 2021, um slogan usado pela tropa de choque de Hitler.