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Olá, Moscovo. Isto era um golpe. O que podia esperar Yevgeny Prigozhin conseguir com a sua derradeira batalha? E como sai Putin disto?

Sempre houve uma guerra paralela à da Ucrânia, que até há poucas horas se passava nas redes sociais de Yevgeny Prigozhin e de outros membros do seu Grupo Wagner. Era ali que se jogava a guerra interna pela liderança militar na Rússia, entre o poder instalado das Forças Armadas oficiais e uma tentacular organização paramilitar. A realidade já não é virtual. Prigozhin pôs-se a caminho de Moscovo e ameaçou mesmo derrubar o poder dos oligarcas do Kremlin. Uma vez na capital, o que poderia Prigozhin fazer?

AP/Suspilne

De Rostov-on-Don, a cidade de um milhão de pessoas onde fica a sede do comando militar do sul da Rússia, até Moscovo, são 1175 quilómetros. Yevgeny Prigozhin, líder dos mercenários do Grupo Wagner, disse ter conquistado a primeira - e só aceitou negociar um acordo quando ja estava na enorme M-4, a caminho da capital, onde dizia querer derrubar o poder oligárquico do Kremlin. Moscovo chegou a mandar evacuar os edifícios públicos e decretou fecho dos serviços. Prigozhin e os seus homens não estavam sequer a encontrar uma enorme resistência na sua “marcha pela justiça”, assim lhe chamava.

Há um conselho que os analistas de conflitos militares citam muito, e que vem, como tantos outros, de Maquiavel: demasiados mercenários raramente é uma boa ideia. E se quisermos uma referência mais contemporânea temos Francis Ford Coppola, que atribuiu ao General R. Corman, em “Apocalypse Now” um diálogo onde consta esta frase simples: “Todos os homens têm o seu limite”.

Talvez esse dia tenha chegado para Yevgeny Prigozhin.