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Cedências ao Vox para governar regiões e municípios inquietam a ala moderada do PP espanhol

O líder da extrema-direita, Santiago Abascal, quer alargar a toda Espanha o modelo do pacto para governar a região de Valência, que nega a violência de género. Eleições legislativas são a 23 de julho

Negociações entre PP e Vox em Valência. À esquerda, de mão no ar, Carlos Mazón, novo presidente da região; à sua frente, de óculos e barba, Carlos Flores, do Vox, agressor condenado por violência doméstica
Rober Solsona/Europa Press/Getty Images

“Há algo muito mais perigoso do que o Vox: um Partido Popular que assuma os postulados e as políticas do Vox.” A frase do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, numa entrevista publicada este domingo pelo diário “El País”, resume o estado de alma de boa parte da sociedade espanhola face ao avanço das propostas de extrema-direita na formação do novo mapa político nacional, resultante das eleições municipais e autonómicas do passado dia 28 de maio.

Este fim de semana ficou concluído o processo de constituição de governos regionais e concelhios saídos dessa ida às urnas. Em muitos deles é visível a influência de Vox, partido que aglutina a extrema-direita espanhola, e que exigiu a adoção dos seus postulados ideológicos para dar apoio a candidatos do PP (Partido Popular, centro-direita).

O chefe do Vox, Santiago Abascal — que foi militante do PP e até exerceu cargos de responsabilidade no partido — não oculta a intenção de adotar nos municípios onde tenha presença em coligações de governo o modelo de acordo alcançado recentemente na Comunidade Valenciana: um programa de 50 pontos com uma série de ideias que põem em causa conquistas sociais.