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Os Estados que mandam mísseis contra satélites cumprem a lei, mas Peter Martinez prefere acreditar que a guerra das estrelas é evitável

Um satélite destruído pode gerar disrupção na Terra, e também um crescendo de poluição. Peter Martinez, astrónomo e antigo responsável da ONU pelo uso pacífico do espaço, considera que é chegada a hora de acabar com a cultura do desperdício e desenvolver um sistema de gestão de tráfego para evitar choques e conflitos

Peter Martinez, líder da Fundação para um Mundo Seguro, veio a Lisboa participar num evento organizado pela Agência Espacial Portuguesa
TIAGO MIRANDA

Ainda há estrelas no céu, mas Peter Martinez, com carreira feita entre os telescópios usados pelos astrónomos e os corredores das Nações Unidas para supervisionar o Comité de Usos Pacíficos do Espaço Exterior, aponta para algo bem menos cintilante: “Neste preciso momento há 10.800 toneladas de materiais no espaço que resultam de lançamentos”.

Só mesmo os números clarificam o que a luz de nenhuma estrela pode desvelar: hoje, há 36 mil objetos, derivados da atividade humana e com dimensão superior a uma chávena de café, a orbitar a Terra. Se as contas abrangerem dimensões menores, o número sobe para a ordem das centenas de milhares ou mesmo milhões de ameaças de colisão para os satélites que hoje garantem parte das atividades diárias na Terra.

Claro que o cenário pode ser pior: e se alguém lançar um míssil contra uma dessas máquinas orbitais?