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Erdogan distribui promessas e desenterra fantasmas, face a umas eleições cada vez mais incertas

Apesar da fadiga de 20 anos no poder, da crise económica e dos falhanços na resposta ao terramoto de fevereiro, Presidente turco ainda mobiliza milhões e discute a vitória. Estudos de opinião dão esperanças à oposição

Comício de apoio a Recep Tayyip Erdogan em Istambul, em maio de 2023
Burak Kara/Getty Images

Desta vez, tudo fazia pensar que o tempo do Reis (chefe, em turco, como é conhecido na Turquia o todo-poderoso Presidente Recep Tayyip Erdogan) poderia estar a chegar ao fim. Vinte anos de poder, dez dos quais marcados por retórica virulenta e ameaçadora, e uma governação cada vez mais autocrata, que polarizou e destroçou a sociedade turca, e levaram a um progressivo afastamento da Turquia das suas âncoras geopolíticas a Ocidente, deixam marcas.

Umas físicas, outras mais invisíveis. Se a face do país mudou nestas duas décadas — as cidades cresceram em tamanho e altura, o país modernizou-se, ficou rasgado por pontes, autoestradas e linhas de comboio —, a sociedade também ficou progressivamente mais tensa e polarizada. Erdogan sempre governou explorando as diferenças étnicas, religiosas e de costumes sociais. A Turquia é hoje um país dividido, zangado consigo próprio.