Internacional

Há vários europeus desaparecidos no Sudão, garante chefe da diplomacia da UE

Pelo menos 270 mortos já foram registados no Sudão na sequência dos confrontos que decorrem desde sábado sobretudo na capital, Cartum. Segundo o chefe da diplomacia de Bruxelas, há vários cidadãos europeus que simplesmente “desapareceram, não sabemos onde estão”

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Vários cidadãos europeus estão desaparecidos desde a eclosão dos combates no Sudão no sábado passado, que já fizeram pelo menos 270 mortos, anunciou esta terça-feira Josep Borrell, alto-representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros.

"Sabemos que há vários desaparecidos, pessoas que não sabemos onde estão. Desapareceram", disse Borrell, em declarações à agência espanhola EFE a partir da sede do Parlamento Europeu em Estrasburgo, sem dar detalhes sobre a sua nacionalidade ou números específicos.

O alto-representante confirmou ainda que tanto o embaixador da União Europeia no Sudão, Aidan O'Hara, como o pessoal da delegação "estão bem", apesar de um assalto à residência do diplomata na segunda-feira.

"Infelizmente, não é comparável com as centenas e centenas de sudaneses que morreram, somando vítimas civis e militares de um conflito entre dois generais que disputam o poder", disse o chefe da diplomacia europeia.

Questionado sobre se Bruxelas está a estudar uma possível retirada dos europeus atualmente no Sudão, Borrell disse que a UE está "a trabalhar no assunto", sem dar mais detalhes.

O chefe da diplomacia europeia adiantou que está em contacto com o Egito, o Quénia, os Emirados Árabes Unidos e a União Africana para se conseguir alcançar um cessar-fogo e pronunciou-se a favor da manutenção da ajuda humanitária da UE ao Sudão.

As forças do exército chefiado pelo general Abdel Fattah al-Burhan, o líder de facto do país desde o golpe de 2021, estão em confronto com o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) liderado pelo general Mohamed Hamdane Daglo, conhecido como "Hemedti".

Os dois orquestraram juntos o golpe de Estado de 2021, mas as diferenças entre ambos intensificaram-se há algumas semanas, no meio de negociações para chegarem a um acordo final com grupos civis, e no sábado o exército atacou posições das RSF, numa aparente resposta a um ataque anterior.

Apesar dos apelos dos ministros dos Negócios Estrangeiros do G7, reunidos no Japão, da ONU e dos EUA para porem um "fim imediato à violência", os combates continuavam na capital sudanesa, Cartum. Os confrontos já provocaram também mais de 2.000 feridos, segundo a Organização Mundial da Saúde.