Wafa Ali Mustafa modifica todos os dias a sua biografia nas redes sociais e aplicações de troca de mensagens. Na passada quarta-feira, 15 de março, 12 anos desde o início da Guerra da Síria, trocou o número “3454” para “3455”.
Fala com o Expresso numa chamada por WhatsApp, a partir de Berlim. “É o número de dias que passaram desde a última vez que soube do meu pai. É a primeira coisa em que penso ao acordar e a última antes de adormecer. Tenho 32 anos e todos os dias à noite torno-me uma miúda de 6 anos que chora e chora e chora durante horas”, conta a refugiada síria, ativista pelos direitos das famílias de mais de 100 mil presos políticos que desapareceram em várias fases da revolução e nunca mais foram vistos, segundo dados da Rede Síria para os Direitos Humanos, a maior organização de documentação de crimes de guerra no país, criada em junho de 2011.