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Sismo na Turquia: Erdogan quer controlar a narrativa sobre o “desastre do século”

Violento tremor de terra pode abalar o futuro político do Presidente, e o próprio xadrez geopolítico da região. Há eleições marcadas para 14 de maio

O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, visitou vítimas do terramoto num hospital de Istambul
Mustafa Kamaci/Anadolu/Getty Images

Em dezembro do ano de 115 a.C., um tremor de terra terá vitimado centenas de milhares de pessoas na antiga Antioquia, atual Hatay — provavelmente a cidade mais afetada pelo sismo do passado dia 6 de fevereiro —, precisamente quando o imperador romano Trajano e o seu sucessor, Adriano, estavam na cidade, devido às suas campanhas militares contra o reino Pártia da Mesopotâmia, atual Iraque. O historiador romano Cássio Dio descreveu, no seu “História de Roma” (livro LXVIII), cenas muito próximas das vividas nos últimos dias.

Trajano sobreviveu ao colapso do edifício onde estava alojado, mas passou dias ao relento no anfiteatro do circo romano, para escapar às sucessivas réplicas. Com o imperador na cidade, a corte romana instalara-se em Antioquia, pelo que o abalo deixou marcas em todo o vasto império romano. Passados 600 anos, em maio de 526 d.C., outro grande tremor de terra voltou a destruir Antioquia, na altura a segunda maior cidade bizantina, após Constantinopla. A tragédia conduziu ao seu declínio.