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Nas ruas do Irão há dois meses, protestos soam cada vez mais a revolução

Não é a primeira vez que os iranianos contestam o regime em público. Mas um conjunto de características distingue os protestos atuais de jornadas anteriores. Emmanuel Macron já defendeu estar em curso uma “revolução”. E com futebolistas iranianos solidários com os protestos, o Mundial do Catar pode provocar ondas no país, com os jogos da Team Melli a darem pretexto para ajuntamentos populares, que é tudo o que o regime dos ayatollas quer evitar
OZAN KOSE/AFP/Getty Images

Há exatamente dois meses, o Irão começava a revelar sintomas do desconforto que as regras apertadas da teocracia em vigor desde 1979 provocam numa fatia da população cada vez mais sonora. Em dezenas de cidades, milhares de pessoas começaram a sair às ruas em protesto contra a violência do regime, que acabara de ceifar mais uma vida — Mahsa Amini, curda de 22 anos, morreu a 16 de setembro, num hospital de Teerão, na sequência de ferimentos infligidos pela polícia da moralidade.

No Irão, protestar em público implica riscos acrescidos, dada a omnipresença nas ruas de forças zelosas da Revolução Islâmica, que investem sobre os transeuntes ao mínimo indício de desobediência — no caso de Mahsa, por não ter colocado corretamente o véu islâmico (hijab), de uso obrigatório para as mulheres.