Internacional

Lula da Silva diz que Bolsonaro quer fazer dos 200 anos da Independência do Brasil uma “festa dele"

Bolsonaro chamou os apoiantes para as ruas no dia da Independência, Lula critica: “Ele [Bolsonaro] quer fazer uma ‘motociata’ [carreta de motocicletas]. Ele quer brincar com a data mais nobre que temos neste país. É lamentável”

Lula da Silva
CARLA CARNIEL/REUTERS

O ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva disse esta quarta-feira que o atual Presidente, Jair Bolsonaro, em vez de fazer das comemorações dos 200 anos de Independência do Brasil de Portugal uma festa cívica, irá “brincar” e “fazer uma festa" própria.

“O Presidente que aí está [Jair Bolsonaro], se tivesse um mínimo de bom senso, se tivesse um mínimo de inteligência, estaria promovendo no [ano de] 2022 uma grande festa cívica de comemoração aos 200 anos da independência. Avaliar o que foi feito nestes 200 anos e o que nós queremos daqui para frente. Não. Ele quer transformar os 200 anos num ato dele”, afirmou Lula da Silva numa entrevista ao portal de notícias UOL.

“Ele [Bolsonaro] quer fazer uma ‘motociata’ [carreta de motocicletas]. Ele quer brincar com a data mais nobre que temos neste país. É lamentável que seja assim”, acrescentou.

Seguindo em tom crítico, o ex-presidente brasileiro avaliou que Bolsonaro "não vai ter sucesso porque o povo sabe que a Independência não é dele. O povo sabe que a Independência não é uma coisa dos militares. A independência é uma conquista da sociedade civil brasileira (...) É uma coisa séria para todo o mundo, é uma pena que os militares se apoderaram e a festa [será] uma coisa toda quase militar.”

Lula da Silva, que governou entre 2003 e 2010 e é novamente candidato ao cargo máximo do executivo brasileiro nas eleições marcadas para outubro, comentou os eventos planeados para 7 de setembro, que contarão também com a Presença do Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa.

No lançamento de sua candidatura à reeleição, Bolsonaro instou os seus apoiantes a saírem à rua em 7 de setembro para darem uma resposta a uma alegada perseguição judicial e a tentativa de cerceamento de liberdades que o Presidente declarou sofrer.

“Nós somos a maioria, nós somos do bem, nós temos disposição para lutar pela nossa liberdade, pela nossa pátria. Convoco todos vocês agora para que todo mundo, no 7 de setembro, vá às ruas pela última vez”, disse o Presidente brasileiro na convenção do Partido Liberal (PL), que confirmou a sua candidatura, no domingo passado.

“Estes poucos surdos de capa preta têm que entender o que é a voz do povo. Têm que entender que quem faz as leis é o poder executivo e o poder legislativo”, acrescentou Bolsonaro, referindo-se indiretamente a juízes do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que considera agirem contra si e contra seu Governo.