Internacional

Novas imagens de satélite. Diplomacia de um lado, mais camaratas para tropas do outro: a Rússia continua a preparar-se

Vladimir Putin, Presidente da Rússia, tem deixado as negociações nas mãos da equipa liderada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, mas esta quarta-feira veio dizer que, apesar de ter confiança na diplomacia, não se esquece que os Estados Unidos têm ignorado as exigências da Rússia

Zona de fronteira entre a Ucrânia e a Rússia Foto: Getty Images

Apesar de continuarem os esforços diplomáticos dos dois lados, tanto os Estados Unidos quanto a Rússia parecem não desistir da preparação para um conflito na Ucrânia. Na quarta-feira, a Casa Branca deu autorização para o envio de mais 3000 soldados para as várias bases militares que os Estados Unidos mantêm na Europa de Leste e já esta quinta-feira, novas imagens de satélite reveladas pelo “New York Times” mostram novas construções militares russas (camaratas, tendas, armazéns) na zona de Novoozernoye, na Crimeia, algo que pode ser considerado um “novo estágio de preparação para o combate”, segundo os analistas ouvidos pelo diário norte-americano.

Vladimir Putin, Presidente da Rússia, tem deixado as negociações nas mãos da equipa liderada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, mas esta quarta-feira veio dizer que, apesar de ter confiança na diplomacia, não se esquece que os Estados Unidos têm ignorado as exigências da Rússia.

Pelo prisma através do qual o Kremlin olha para o assunto é bem possível que assim seja, afinal a maior exigência de Putin é que a NATO não agregue mais nenhum país da sua área de influência, algo que os dirigentes da aliança atlântica nunca vão poder prometer devido à política de “portas abertas”, que permite a entrada a qualquer país mediante o cumprimento de uma lista de condições que a Ucrânia ainda não atingiu, como a profissionalização das suas forças armadas ou um combate sério à corrupção.

Militares, tanques e artilharia pesada

Já pelo lado dos Estados Unidos, o que a NATO tem oferecido deveria ser suficiente para pelo menos garantir algum alívio da pressão nas fronteiras, o que não tem acontecido. Neste momento, segundo informações recolhidas por agências de informações ocidentais e análises de imagens conduzidas por especialistas para o “New York Times”, a Rússia tem cerca de 130 mil tropas em vários pontos da fronteira com a Ucrânia. Além de militares, há centenas de itens de material bélico como tanques e outra artilharia pesada posicionados para avançar rapidamente caso a situação entre em ebulição.

As imagens divulgadas esta quarta-feira mostram também mais armamento já estacionado ao longo da fronteira ucraniana com a Bielorrússia, incluindo mísseis Iskander de curto alcance. Os treinos militares entre os dois países já estão a acontecer. 

Esse é aliás um dos grandes problemas da Ucrânia no que à sua própria defesa diz respeito. Os militares treinados, as forças de elite, estão quase todas no leste, onde uma guerra com os separatistas apoiados pela Rússia já leva oito anos e mais de 13 mil vidas. É complicado entender – e isto é admitido por militares ucranianos – onde é que o país poderá ir buscar homens e mulheres para se defender também a norte. 

“Como resultado de a Rússia ter tomado conta da Bielorrússia, agora temos 1070 quilómetros de fronteira com a Bielorrússia que também são uma ameaça”, disse o ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov, citado pelo “New York Times”. 

Numa outra imagem, que o jornal norte-americano publica esta quinta-feira no seu site, vêem-se pequenas crateras no solo perto do campo de treino de Persianovsky, na parte ocidental da Rússia, o que quer dizer que também já estão a ser conduzidos os chamados treinos com “live rounds” de artilharia, ou seja, com “balas reais”.