Internacional

Trabalhadores da Amazon e da Google publicam carta a denunciar e condenar contrato com Israel que “viola” direitos dos palestinianos

Texto foi divulgado pelo Guardian. Em causa está “tecnologia perigosa” que vai ser usada para “negar aos palestinianos os seus direitos básicos, forçá-los a sair das suas casas e atacá-los na Faixa de Gaza”. Trabalhadores em causa mantêm anonimato porque teme “retaliações”

Joel Carillet

Um grupo de trabalhadores da Amazon e da Google condenaram e denunciaram publicamente a assinatura de um contrato para o fornecimento do que consideram ser "tecnologia perigosa" ao exército e governo israelitas. Numa carta divulgada pelo Guardian, os trabalhadores incitam os líderes da Amazon e da Google a retirarem-se do projeto Nimbus e a "cortarem todas as ligações às forças militares israelitas".

"Acreditamos que a tecnologia que criamos deve funcionar para servir e elevar as pessoas em todo o lado, incluindo todos os nossos utilizadores. Como trabalhadores que mantêm estas empresas a funcionar, estamos moralmente obrigados a pronunciar-nos contra violações destes valores basilares", escrevem. A carta já terá sido assinada internamente por 90 trabalhadores da Google e mais de 300 da Amazon. No entanto, na versão divulgada agora, mantêm o anonimato por "temerem retaliações".

Em causa está um contrato apelidado Projeto Nimbus. Celebrado entre as gigantes tecnológicas e Israel, o contrato contempla o fornecimento de serviços de cloud para o governo e exército israelitas. Os assinantes consideram que esta é uma "tecnologia perigosa" ao serviço das autoridades israelitas.

"Este contrato foi assinado na mesma semana em que o exército israelita atacou os palestinianos na Faixa de Gaza - matando quase 250 pessoas, incluindo mais de 60 crianças. A tecnologia que as nossas empresas foram contratadas para construir vai tornar a discriminação sistémica e os deslocamentos levados a cabo pelos militares e governo israelitas ainda mais cruéis e mortais para os palestinianos." E acrescentam: "Esta tecnologia permite mais vigilância e recolha ilegal de informações dos palestinianos e facilita a expansão ilegal dos colonatos israelitas no território palestiniano". Mais: "Não podemos olhar para o lado quando os produtos que construímos estão a ser usados para negar aos palestinianos os seus direitos básicos, forçá-los a sair das suas casas e atacá-los na Faixa de Gaza - ações que originaram investigações por crimes de guerra no Tribunal Internacional de Crimes de Guerra", acrescenta a carta.

"A Google e a Amazon perseguem agressivamente contratos com instituições como o Departamento de Defesa dos EUA, a Unidade de Imigração de Alfândegas (ICE) e os departamentos policiais estatais e locais. Estes contratos são parte de um padrão perturbador de militarização, falta de transparência evasão de supervisão", condenam os trabalhadores.