Internacional

Estados Unidos. Estátua de Robert E. Lee foi removida da capital da Virgínia

O monumento tinha sido alvo de vandalismo durante um protesto anti-racismo que decorreu após o assassinato de George Floyd por dois membros da policia norte-americana, em Minneapolis

Chip Somodevilla/Getty Images

Uma das maiores estátuas de bronze dos Estados Unidos da América, com a figura do general Robert E. Lee, foi retirada esta quarta-feira de Richmond, capital do estado da Virgínia e antiga sede política dos estados confederados durante a guerra civil americana, travada entre 1861 e 1865. A iniciativa visou honrar as vítimas da escravidão e da guerra civil, bem como respeitar a sensibilidade dos afro-descendentes norte-americanos.

A estátua equestre do antigo general da Confederação tinha seis metros de altura, com uma base de granito. O monumento tinha sido alvo de vandalismo durante um protesto anti-racismo que decorreu após o assassinato de George Floyd por dois membros da policia norte-americana, em Minneapolis.

Ralph Northam, governador do estado de Virginia, ordenou a retirada da estátua no verão de 2020, mas a a decisão manteve-se inalterada após um longo litígio. A retirada de estátuas ou pedidos de reconstrução de monumentos têm sido recorrentes, nos Estados Unidos e a nível global, com o crescimento do movimento Black Lives Matter.

Já este domingo, o governador da cidade do México anunciou que a estátua de Cristóvão Colombo será substituída por uma de uma indígena.

Os monumentos que celebram a Confederação pró-escravidão - os estados do sul que se revoltaram contra o governo federal durante a guerra civil - são há muito tempo criticados pelos liberais norte-americanos. Centenas de estátuas de figuras famosas da Confederação ainda persistem nos Estados Unidos da América.

O impulso crescente para remover monumentos e estátuas ligados à Confederação aumentou após incidentes como o tiroteio na igreja de Charleston, em que um jovem disparou sobre um grupo de afro-americanos, em 2015. Após o massacre, os Estados norte-americanos decidiram iniciar um processo de remoção das estátuas que promovessem figuras históricas que contribuíram para a escravidão e racismo nos Estados Unidos.

Esta iniciativa desencadeou outra onda de protestos da direta nacionalista, que organizou o comício Unite the Right, em 2017. Um dos propósitos era o da condenação da remoção da estatua de Robert E Lee.

Desde vandalismo até petições, a memória do colonialismo europeu também tem sido alvo de ataques em nome da justiça e do respeito pelas vítimas das explorações marítimas, como os Descobrimentos portugueses. Em agosto deste ano, o Padrão dos Descobrimentos foi vandalizado com um ‘graffiti’ onde se lia “Velejando cegamente por dinheiro, a humanidade afunda-se num mar escarlate”.

O Reino Unido também esteve sob escrutínio de ativistas que, em junho de 2020, pediram a remoção de uma estátua de Cecil Rhodes em protestos na Universidade de Oxford. Sadiq Khan, presidente da Câmara de Londres desde 2016, prometeu uma revisão das estátuas e nomes de ruas da capital.

“Este é um momento histórico para a cidade de Richmond. A cidade, a comunidade em geral declara, com este ato, que vai deixar de representar estes símbolos de ódio”, disse Rachel Smucker, de 28 anos, moradora de Richmond que estava no local de exibição esta quarta-feira.