Israel está a aumentar a pressão sobre a faixa de Gaza, dominada pela milícia Hamas, e os jornais israelitas dão conta da movimentação de artilharia pesada e de mais militares em direção à fronteira do território com Israel, a sul.
A guerra aberta está cada vez mais próxima e o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, disse, esta terça-feira à tarde, que o Hamas “vai receber ataques que não espera” mas avisou que "a campanha militar vai levar o seu tempo".
O bombardeamento de um arranha-céus sem habitantes (Israel avisou que iria destruir o edifício) esta terça-feira, desencadeou uma chuva de pelo menos 500 rockets lançados de Gaza sobre a capital internacionalmente reconhecida, Telavive, onde as ruas têm indicações a dizer “abrigo por aqui” como se fossem direções para museus. Alguns rockets também atingiram Jerusalém.
Os esforços diplomáticos dos Estados Unidos, Egito e Nações Unidas nas últimas horas não conseguiram (ainda?) aliviar a tensão e já se fala numa terceira intifada, ou “revolta”, o nome usado para os momentos em que, nos últimos 50 anos, Israel e Palestina se envolveram em guerra aberta, as chamadas botas no terreno. A primeira começou em 1987 e acabou em 1991, apesar de esta data ser contestada por alguns analistas que consideram que o fim chegou apenas com os Acordos de Oslo, em 1993.
A segunda intifada, também chamada “al-Asqa”, o nome da mesquita que agora também foi palco de confrontos violentos, começou em 2000, depois do falhanço das negociações de Camp David e acabou em 2005. Milhares morreram. Quase todas as fontes dão números ligeiramente diferentes mas terão morrido mais de 4700 palestinianos e cerca de 1500 israelitas nas duas guerras.
Nestes confrontos, que duram há menos de uma semana, já morreram 26 palestinianos, nove deles crianças, e três israelitas, todos civis.
Os ataques de Israel intensificaram-se na segunda-feira à noite com pelo menos 130 bombas lançadas especificamente a zonas de produção de rockets e outros edifícios militares, escreve “The New York Times”. O porta-voz das Forças de Defesa de Israel, Jonathan Conricus, já disse que as tropas estão a deslocar-se para perto da fronteira com Gaza e que 3000 militares na reserva foram chamados para reforçar as disponíveis. Conricus disse, também, citado por vários meios de comunicação israelitas, que a invasão de território palestiniano não está prevista mas deixou um aviso: “Se esperam um regresso rápido à normalidade, é possível que não seja esse o caso”.
Os protestos que deram início a este último confronto, começaram por causa do despejo iminente dos habitantes de uma zona do bairro Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental, zona palestiniana. Segundo a organização israelita Peace Now, desde o início do ano, os tribunais israelitas já ordenaram o despejo de 22 famílias em Sheikh Jarrah e Batan al-Hawa (outro bairro também no leste de Jerusalém), num total de 139 pessoas.
O Expresso escreveu recentemente um texto que explica em pormenor o que está em causa para os palestinianos neste longa luta. Sempre que as casas são evacuadas não ficam desocupadas, são compradas por israelitas, que cada vez mais estão a adquirir território fora dos limites estabelecidos pela ONU quando, em 1948, se formou o Estado de Israel.
Esse território passa automaticamente a ser considerado território israelita o que se revelará um dos maiores problemas quando e se a discussão da solução de dois estados começar a ser discutida com seriedade.
Em Beit Hanoun, norte de Gaza, a família Masri, que falou com “The New York Times” por telefone, estava de luto pelos dois filhos, um de 11 e outro de sete, que morreram quando um míssil israelita aterrou perto do terraço onde brincavam. O tio das crianças, Bashir al-Masri, disse ao Times que os palestinianos não podem ser considerados terroristas. “Os israelitas atacam crianças, ambulâncias, escolas e toda a gente, começando pelos Estados Unidos, diz que as pessoas em Gaza são terroristas. Mas não somos terroristas. Só queremos viver em paz”.