Internacional

Brexit. Boris Johnson mantém que ‘no deal’ é o cenário mais provável

Pouco após a presidente da Comissão Europeia anunciar a continuação das conversações entre Londres e Bruxelas, o primeiro-ministro britânico expressou pessimismo em relação a um acordo sobre o pós-Brexit

As visitas a Bruxelas do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, têm fim à vista
OLIVIER HOSLET / EPA

O primeiro-ministro britânico advertiu este domingo que um fracasso nas negociações sobre as futuras relações comerciais entre Reino Unido e União Europeia (UE) continua a ser o cenário “mais provável”, apesar da decisão das duas partes de prosseguir as negociações.

“Tenho de insistir que o desfecho mais provável nesta altura é que tenhamos de nos preparar para os termos da Organização Mundial do Comércio [OMC]. Tanto quanto vejo, há algumas questões muito importantes e muito difíceis que atualmente separam o Reino Unido da UE, e o melhor que todos temos a fazer é prepararmo-nos para relações comerciais nos termos da OMC”, disse Boris Johnson à estação televisiva britânica BBC.

A advertência de Boris Johnson surge depois de UE e Reino Unido terem anunciado, este domingo, que vão prosseguir as negociações num derradeiro esforço em busca de um acordo sobre as relações futuras no pós-Brexit, após uma conversa telefónica entre a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o primeiro-ministro britânico, num dia que havia sido apontado por ambos como decisivo sobre o rumo das conversações.

Apontando que a conversa telefónica foi “útil e construtiva”, os dois dirigentes não adiantavam, todavia, na declaração conjunta divulgada depois, se tinha havido ou não progressos nos três dossiês que têm impedido que as partes fechem um acordo — pescas, questões de concorrência e resolução de litígios. De acordo com Boris Johnson, as diferenças então mantêm-se e o cenário de um no deal continua a ser o mais provável.

Na passada quarta-feira, Boris Johnson deslocou-se a Bruxelas para um jantar de trabalho com Ursula von der Leyen, tendo então ambos apontado este domingo como data-limite para uma decisão sobre as negociações.

Iniciadas em março, as negociações vão então prosseguir entre as equipas de negociação lideradas por Michel Barnier, do lado europeu, e David Frost, do lado britânico, que este mesmo domingo estiveram reunidos de manhã na sede do executivo comunitário, em Bruxelas, até ao telefonema entre a presidente da Comissão e o chefe de Governo britânico.

Apesar de novo prolongamento, as negociações não podem prolongar-se por mais de alguns dias, já que um eventual acordo tem de ser ainda ratificado — designadamente pelo Parlamento Europeu — antes de entrar em vigor, em 1 de janeiro de 2021.