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Trump quer impedir a publicação do livro do seu ex-conselheiro, mas os tribunais não estarão pelos ajustes

Não há qualquer base ou precedente jurídicos para impedir a publicação do livro do ex-conselheiro para a Segurança Nacional sobre os seus mais de 400 dias de reuniões quase diárias com o Presidente dos Estados Unidos. Donald Trump utilizou esta estratégia antes e sempre sem sucesso. Não deverá conseguir, até porque censurar a obra de John Bolton seria “um enorme ataque à Primeira Emenda” à Constituição, diz ao Expresso o especialista Joshua Dressler

Yuri Oreshkin/Getty Images

São 600 páginas, 450 dias de serviço na Casa Branca, mais de uma página por dia, espaço mais do que suficiente para contar as histórias potencialmente mais secretas e embaraçosas sobre a Administração de Donald Trump. É mais ou menos assim que os publicitários andam a promover o novo livro de John Bolton, antigo conselheiro para a Segurança Nacional dos Estados Unidos.

“The Room Where it Happened”, em tradução livre “A Sala Onde Tudo Aconteceu”, já está esgotado em várias livrarias digitais, mas nem sequer está à venda. Isto porque o Departamento de Justiça instaurou um processo judicial contra Bolton para impedir a publicação de um livro que, segundo o próprio, contém detalhes bombásticos sobre a conduta do atual Presidente dos Estados Unidos, nomeadamente no que diz respeito às decisões de política externa.

Foi por ter tentado que o Presidente de um país estrangeiro (o ucraniano Volodimyr Zelensky) o ajudasse a investigar alegados atos corruptos do seu principal adversário interno que Trump enfrentou um processo de destituição, do qual o salvou a maioria que o seu Partido Republicano detém no Senado (foi um de três presidentes na história do país a ser alvo de tal procedimento).

Ora, Bolton diz que o escândalo com a Ucrânia (em que Trump fez depender da ajuda solicitada a Zelensky o envio de ajuda militar a Kiev) é apenas um pequeno episódio, que chegou a público mas não esgota os exemplos de comportamentos “mais graves do que os revelados no processo de impeachment”, disse Bolton em comunicado difundido pela imprensa norte-americana.