O primeiro-ministro espanhol anunciou que se reunirá com o líder do governo regional da Catalunha no início de fevereiro. Esta segunda-feira, em entrevista à televisão pública RTVE – a primeira desde que tomou posse, a 8 de janeiro –, o chefe do primeiro Executivo de coligação da democracia em Espanha anunciou que irá visitar as 17 comunidades autónomas do país e dialogar com os respetivos líderes regionais.
“Há partidos que não querem diálogo e partidos a quem convém o conflito, mas nós queremos resolver esta crise que se vive na Catalunha”, afirmou o governante socialista, considerando que é “no âmbito da Constituição” que é possível alcançar um acordo com os independentistas. Esse acordo não será, explicou, para celebrar um referendo de autodeterminação, de resto contrário à Constituição espanhola. “Se propusermos a votação de um acordo, será para unir os catalães, não para fraturá-los e dividi-los.”
O líder do Partido Socialista Operário Espanhol – que governa com a formação esquerdista Unidas Podemos – também pediu à oposição de direita, “que só diz não a tudo”, que “não critique suposições, mas factos”. “A direita, quando perde o poder, não assume a derrota eleitoral, mas que posso eu fazer? Gostaria que fosse de outra maneira”, admitiu, para acusar de “mau perder” forças políticas como o Partido Popular, o Cidadãos e o Vox.
Aumento aos funcionários públicos
Reconhecendo “profundas divergências” com Quim Torra, chefe do executivo regional catalão, recomendou aos separatistas que façam autocrítica. “Fraturaram a sociedade catalã. Parte dos catalães não se sentem reconhecidos e apoiados pelo governo da Catalunha. E muitos, como eu próprio, sentimo-nos agredidos quando dizem que Espanha não é uma democracia plena.”
Sánchez declarou “respeito total” pela autonomia e independência do poder judicial, que tem sido protagonista da crise catalã (nomeadamente ao condenar a penas de 9 a 13 anos vários dirigentes independentistas, por sedição e peculato devido ao referendo ilegal de 2017), mas defendeu a “desjudicialização” da questão catalã. “Há que devolver à política uma crise e um conflito que é político, e nós, políticos, não podemos esconder-nos atrás do Tribunal Supremo.”
O Conselho de Ministros espanhol deve aprovar terça-feira um aumento salarial de 2% para os funcionários públicos. Sánchez prometera em 2019 atualizar ordenados e também pensões. A medida, garantiu à RTVE, “conta com amplo consenso democrático”.