O Presidente dos Estados Unidos não poupou elogios à "melhor equipa do mundo" de operações especiais norte-americanas que levou a cabo a operação contra Abu Al-Baghadid durante os longos minutos que durou a conferência de imprensa a partir a Casa Branca.
A operação teve lugar numa zona do nordeste da Síria perto da fronteira turca que se encontra fortemente armada e contou com o apoio internacional. Donald Trump agradeceu à Rússia, à Turquia, ao Iraque e à Síria, cuja SDF (Syrian Democratic Forces) teve uma participação "efetiva" no que toca a informações, declarou o porta-voz da SDF, Kino Gabriel, citado pela CNN.
"Nos últimos dias confirmámos onde ele [Al-Baghdadi] se encontrava e partilhámos essa informação com os Estados Unidos, em particular com a CIA". O assalto das forças especiais norte-americanas foi o resultado de cinco meses de trabalho conjunto com coordenação dos serviços de informação americanos, "porém sofreu atrasos devido à 'agressão turca' em território do norte da Síria", declarou Gabriel.
Como referiu o Presidente, os países citados tiveram diferentes tipos de colaboração, no entanto, foi em casa que Trump quis ter mais cuidado. Chamando a Washington "a capital das fugas de informação", o chefe de Estado assumiu que muito poucas pessoas tiveram conhecimento antecipado da operação.
O "Grupo dos Oito", conjunto de representantes de topo do comité de informação dos republicanos e dos democratas na Câmara de Representantes e do Senado, não foi avisado. O presidente desta comissão, o republicano Adam Schiff, declarou ter sido um "erro" a administração não os ter informado.
Quanto ao círculo mais reduzido dos que tinham conhecimento da operação, a CNN reportou que a diretora da CIA, Gina Haspel, teve o seu papel na missão de captura do líder do Daesh, mas não se encontrava presente no "Situation Room" a partir do qual o Presidente assistiu em direto à operação, tendo-a acompanhado a partir da sede da CIA.
O ministério da Defesa iraquiano divulgou em comunicado que o Serviço de Informação Nacional declarou ter apontado com sucesso o paradeiro de Abu Bakr al-Baghdadi imediatamente antes do assalto das forças norte-americanas que culminou com a sua morte.
Segundo a CNN, uma força especial dentro daquele serviço de informação trabalhou durante mais de um ano até que conseguiu encontrar o líder do Daesh na Síria.
Reações enfáticas porém cautelosas
Líderes internacionais manifestaram a sua satisfação perante o sucesso da operação liderada pelos americanos, contudo sublinharam que o fim da liderança não é o fim do Daesh. Foi o caso do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu: "Isto reflete a nossa determinação partilhada, dos Estados Unidos e dos Estados livres, de lutar contra as organizações terroristas e os Estados terroristas. Este sucesso é um marco, mas a campanha não terminou", publicou Netanyahu este domingo nas redes sociais.
O mesmo fez a presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, que também não teve conhecimento prévio da operação na Síria: "A morte de Al-Baghdadi não é a morte do ISIS [Daesh]".
O desconhecimento das condições em que prisioneiros da organização terrorista se encontram atualmente permanece uma preocupação maior para quem os combate nas suas áreas de intervenção: África Ocidental, Líbia, Península do Sinai, Egito, Afeganistão e Filipinas. Além dos seus seguidores na Europa e noutras partes do mundo. Uma atualização datada de agosto de um relatório do Pentágono apura a existência de entre 14 mil e 18 mil combatentes entre a Síria e o Iraque.