O Supremo Tribunal de Espanha decidiu por unanimidade que os restos restos mortais do antigo ditador Francisco Franco serão exumados e depositados no cemitério de El Pardo Mingorrubio, nos arredores de Madrid. Opção vai ao encontro do desejo do Governo, contrariando a vontade da família, que pretendia que os restos de Franco, falecido em 1975, deixassem o Vale dos Caídos para passar para a cripta da catedral da Almudena.
O Governo assegura que tem tudo pronto para avançar com a exumação e o objetivo é fazê-la antes da campanha eleitoral, que começa a 1 de novembro, avança o “El País”, citando fontes próximas do Executivo. A vice-primeira-ministra, Carmen Calvo, insistiu na ideia já depois de ser conhecida a decisão do Supremo: “Vamos fazê-lo muito rapidamente, quanto mais cedo melhor”.
Há, no entanto, um possível obstáculo à celeridade pretendida pelo Governo. A família de Franco anunciara já a intenção de recorrer ao Constitucional caso a decisão do Supremo fosse a que esta terça-feira foi tomada. Uma suspensão cautelar pode atrasar a operação.
A família acusa o Governo de tentar mudar a história e defendia que, se os restos mortais tiverem de ser removidos, deveriam depois ser enterrados na Catedral de Almudena, junto da sua filha - hipótese rejeitada por um relatório governamental por razões de segurança.
A exumação foi uma opção tomada em março pelo Governo socialista de Pedro Sánchez, já que o Executivo pretende transformar o complexo do Vale dos Caídos num memorial às vítimas da Guerra Civil Espanhola, que decorreu entre 1936 e 1939 e fez cerca de meio milhão de mortos.
A transferência do corpo devia já ter sido realizada a 10 de junho mas o Supremo decidiu suspender, de forma cautelar, o plano do Governo, de forma a aguardar as decisões sobre vários recursos apresentados, principalmente o da família do ex-ditador.