O Supremo Tribunal de Espanha deverá decidir esta terça-feira qual o destino dos restos mortais do antigo ditador Francisco Franco, que morreu em 1975.
Em março, o Governo socialista de Pedro Sánchez decidiu exumar os restos mortais do general, que se encontram no Vale dos Caídos, para Mingorrubio, na localidade de El Pardo, nos arredores de Madrid. O Executivo pretende transformar aquele complexo num memorial às vítimas da Guerra Civil Espanhola, que decorreu entre 1936 e 1939 e fez cerca de meio milhão de mortos.
“Esperamos justiça e aceitaremos o que o Supremo Tribunal decidir, como sempre”, disse a vice-primeira-ministra, Carmen Calvo, na véspera do anúncio da decisão.
A família de Franco acusa o Governo de tentar mudar a história e defende que se os restos mortais tiverem de ser removidos, deverão depois ser enterrados na Catedral de Almudena, junto da sua filha. A hipótese já foi rejeitada por um relatório governamental que considerou que a catedral, localizada próximo do Palácio Real, no centro de Madrid, não é adequada por razões de segurança.
Contra “local de culto e de peregrinação”
Bonifacio Sánchez, porta-voz de um grupo que representa as vítimas da ditadura franquista, defende que os restos mortais não devem ser transferidos para Almudena. Se assim for, a catedral arrisca tornar-se “um local de culto, de glorificação de Franco e de peregrinação”, disse, acrescentando que o grupo se opõe a qualquer gasto público com a campa de Franco.
A transferência do corpo devia já ter sido realizada a 10 de junho mas o Supremo decidiu suspender, de forma cautelar, o plano do Governo, enquanto não houver decisões sobre vários recursos apresentados, principalmente pela família do ex-ditador.
A decisão do Supremo é conhecida no mesmo dia em que o rei de Espanha vai dissolver as Cortes e convocar eleições legislativas para 10 de novembro, o que dá à sentença uma dimensão de caráter político.