Surgiram como uma alternativa ao tabaco tradicional. Os cigarros eletrónicos chegaram ao mercado como uma promessa para ajudar os fumadores a deixarem de fumar, oferecendo uma alternativa que satisfaz o vício da nicotina sem os perigos que advêm da combustão do tabaco. Mas estão agora a causar preocupação nos Estados Unidos.
A comunidade médica norte-americana deixou um aviso à população sobre os perigos dos cigarros eletrónicos, na sequência do aumento do número de pessoas com doenças pulmonares graves “potencialmente relacionadas” com estes dispositivos, avança o jornal “New York Times”.
Atualmente, contam-se já 450 casos de doenças pulmonares em 33 estados norte-americanos, além de cinco mortes (a última delas na sexta-feira passada) “provavelmente” causadas pelos cigarros eletrónicos. As mortes ocorreram nos estados do Indiana e do Minnesota e em Los Angeles, na Califórnia.
A médica Dana Meaney-Delman, que lidera a investigação sobre o tema do Centro para o Controlo e Prevenção de Doenças (CDC), sublinha que embora ainda não tenha sido detetado um único “dispositivo, produto ou substância” que esteja na origem das mortes, há “algum químico” envolvido.
Segundo explicou num artigo publicado na revista científica “New England Journal of Medicine”, ainda não foram detetadas as substâncias exatas que causam esta doença - os fluidos dos cigarros eletrónicos “contêm pelo menos seis grupos de compostos potencialmente tóxicos” -, até porque alguns dos jovens afetados tinham também fumado substâncias extraídas da marijuana ou da canábis.
Certo é que aquilo que começou com alguns casos isolados nos Estados Unidos é agora uma ameaça de saúde pública que tem afetado vários jovens e adultos — e o aumento das doenças pulmonares relacionadas com os cigarros eletrónicos tem feito soar alarmes em relação à segurança destes dispositivos.
O crescente número de jovens que começaram a 'fumar' cigarros eletrónicos, sem nunca terem fumado tabaco antes disso, constitui motivo de preocupação no país — até pelo crescente número de adolescentes e jovens adultos que estão a ser afetados por doenças pulmonares.
Um estudo realizado em 2018 pelo Governo concluiu que 21% dos estudantes dos liceus tinham usado cigarros eletrónicos no mês anterior à realização do inquérito. Em 2017, apenas 11% o tinham feito.
É por estes motivos e pela indefinição que ainda paira em relação às causas desta vaga de doenças pulmonares que Dana Meaney-Delman apela à população para considerar “não utilizar cigarros eletrónicos enquanto a [atual] investigação estiver a decorrer”.
Em São Francisco, os receios em relação aos efeitos dos cigarros eletrónicos na saúde já levaram à proibição da venda destes dispositivos, com efeitos a partir do próximo ano.