Para convencer e conseguir o apoio político para formar Governo, o primeiro-ministro em exercício, Pedro Sánchez, ofereceu ao líder do Unidas Podemos, Pablo Iglesias “um rigoroso sistema de controlo do cumprimento do acordo de Governo”.
A informação é adiantada pelo jornal “El País”, que acrescenta que a oferta ao Unida Podemos inclui a possibilidade de ocupar “responsabilidades decisivas em instituições não são sujeitas ao Conselho de Ministros”. Sánchez marcou para esta quinta-feira uma nova reunião entre as equipas de negociadores. O jornal recorda que a 5 de julho o líder do PSOE ofereceu a Iglesias uma comissão de vigilância do acordo, dependente do ministério das Finanças, mas que o líder do Podemos recusou. O mesmo aconteceu a propostas de acompanhamento do acordo no Senado, entre outros.
Da parte do Podemos ainda não houve uma reação oficial, mas em entrevista à TVE Pablo Iglesias admitiu que “algumas das medidas” propostas por Sánchez “soam bem”. Prefere, no entanto, avaliar devidamente antes de dar uma resposta. “Não vamos despachar o assunto em duas horas como o PSOE fez com a nossa proposta”, afirmou o dirigente, dizendo só ter tomado conhecimento de “parte da proposta” pelos meios de comunicação, não sendo portanto possível ter uma visão geral do documento e dar a sua apreciação. “Uma negociação implica falar das equipas, porque se não o fizermos os programas tornam-se frágeis. Respeitemos a cultura da coligação”. O Podemos não abdica de ter ministros no Governo liderado por Sánchez, embora a hipótese tenha sido já descartada por este.
Esta supercomissão de acompanhamento do acordo de Governo faz parte das mais de 300 medidas que o primeiro-ministro em funções está a apresentar esta terça-feira em Madrid para tenta convencer a coligação de extrema-esquerda Unidas Podemos a aceitar um Governo "à portuguesa". O líder do PSOE (Partido Socialista Espanhol) gostaria que o documento fosse a base de um acordo programático para que a extrema-esquerda venha a dar o seu apoio parlamentar a um executivo da responsabilidade exclusiva dos socialistas, como acontece em Portugal.
A oferta de Pedro Sánchez é vista como a última a oportunidade para desbloquear o atual impasse na formação de um Governo e evitar novas eleições legislativas gerais em Espanha. A recusa do PSOE em formar um Governo de coligação com a presença de ministros de extrema-esquerda mantém "encalhadas" as negociações com o Unidas Podemos, a quem Sánchez oferece uma "terceira via", a negociação do que denomina um "programa comum progressista".
Os socialistas consideram que a sua proposta, com 300 medidas, está "muito em sintonia" com as políticas defendidas pelo Unidas Podemos, defendendo uma maior justiça social, fiscal e ecológica, dando prioridade à luta contra as alterações climáticas e transição ecológica.
Faltam três semanas, até 23 de setembro próximo, para o prazo limite de dois meses que a Constituição espanhola confere aos grupos parlamentares para encontrarem uma solução para formar um Governo, depois da tentativa frustrada de investidura de Pedro Sánchez em 23 e 25 de julho último.
Se o impasse se mantiver, o rei Felipe VI terá de marcar eleições para 10 de novembro próximo, as quarta "legislativas" no espaço de quatro anos. O PSOE foi o partido mais votado nas eleições de 28 de abril último, mas com menos de 30% dos votos precisa do apoio de outras formações políticas, sendo essencial a do Unidas Podemos.