O Presidente norte-americano, Donald Trump, disse este domingo que o embaixador britânico nos EUA, Kim Darroch, “não serve bem o Reino Unido”. Trump reagia a mensagens diplomáticas divulgadas, sem autorização, pelo jornal “Mail On Sunday” em que o embaixador descreve o Presidente americano como “inapto”, “inseguro” e “incompetente”.
Em reação às avaliações de Darroch, Trump comentou, citado pela CNN: “Tivemos pequenos problemas com alguns países. Não somos grandes fãs desse homem. E posso dizer coisas sobre ele mas não me vou incomodar.” Após a sua eleição em 2016, Trump afirmou que o grande defensor do Brexit Nigel Farage seria um excelente embaixador britânico nos Estados Unidos.
Descrevendo Trump como muito fragilizado por lutas internas e sem condições para melhorar o seu desempenho, o diplomata escreveu num dos documentos revelados que não acreditava verdadeiramente que “esta Administração se torne substancialmente mais normal, menos disfuncional, menos imprevisível, menos dividida, menos diplomaticamente inapta”.
“A carreira de Trump poderá acabar em desgraça”
Em telegramas secretos e notas informativas, cuja autenticidade foi confirmada à CNN por uma fonte do Executivo britânico, Darroch advertia o Governo do Reino Unido que “a carreira de Trump poderá acabar em desgraça” e caraterizava os conflitos na Casa Branca como “lutas com facas”.
As mensagens também classificam a política de Trump relativamente ao Irão como “incoerente e caótica”, referindo-se à retirada, no ano passado, dos Estados Unidos do acordo sobre energia nuclear assinado com o Irão e vários países da Europa.
O embaixador referiu-se ainda à visita de Trump ao Reino Unido, em junho, dizendo que o Presidente norte-americano ficou “deslumbrado” com a pompa britânica das reuniões com a rainha Isabel II, mas avisou que Trump não mudará nenhuma das suas prioridades. “Esta ainda é a terra da ‘América Primeiro’”, sublinhou.
A totalidade dos documentos cobre o período de 2017 até ao presente.
Divulgação terá sido politicamente motivada, diz CNN
As mensagens, cuja autenticidade o Ministério britânico dos Negócios Estrangeiros não contestou, considerando a sua divulgação um “comportamento pernicioso”, são conhecidas numa altura em que o próprio ministro, Jeremy Hunt, disputa o lugar de Theresa May à frente do Partido Conservador e do país com Boris Johnson. O ex-mayor de Londres e antigo chefe da diplomacia é visto como alguém que conseguirá um relacionamento muito mais próximo com Trump do que Hunt.
A estação americana considera, por isso, que a divulgação das mensagens levará a especulações de que terá sido um ato politicamente motivado por alguém em Londres com a intenção de libertar espaço em Washington para um embaixador abertamente pró-Brexit.
Darroch foi conselheiro de segurança nacional do antigo primeiro-ministro britânico David Cameron e um alto representante do Reino Unido na União Europeia e, embora seja um diplomata de carreira, não é visto como alinhado com os Brexiteers mais ferrenhos que deverão tomar contar do número 10 da Downing Street.