Internacional

Manfred Weber culpa “eixo” Macron-Orbán por fracasso de candidatura a líder da Comissão Europeia

“Existiram conversas de bastidores e sessões noturnas”, assegurou Manfred Weber, numa entrevista ao diário alemão “Bild”, afirmando que foi nesses encontros que o princípio do 'spitzenkandidaten' foi “desmontado”

Manfred Weber e Ursula von der Leyen
Frederick Florin/AFP/Getty Images

O alemão Manfred Weber, que era o candidato conservador à presidência da Comissão Europeia, acredita que foi o "eixo" formado entre o Presidente francês, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, que ditou o fracasso da sua candidatura.

"Existiram conversas de bastidores e sessões noturnas", assegurou Manfred Weber, numa entrevista ao diário alemão "Bild", afirmando que foi nesses encontros que o princípio do 'spitzenkandidaten' foi "desmontado".

O 'spitzenkandidaten' foi como ficou conhecido o processo de designação do futuro presidente da Comissão entre os candidatos principais apresentados pelas famílias políticas europeias. Manfred Weber era o candidato principal do Partido Popular Europeu (PPE, centro-direita), a maior família política europeia.

"Estou muito dececionado, é claro. Como político sei que se pode ganhar ou perder eleições. Mas Emmanuel Macron e Viktor Orbán tiraram simplesmente da mesa os resultados das eleições. Não esperava isso", disse o político alemão, a propósito dos nomes acordados na terça-feira pelos líderes europeus para os principais cargos institucionais da Europa.

Membro da União Social-Cristã (CSU), parceiro político da União Democrata-Cristã (CDU, partido da chanceler Angela Merkel), Manfred Weber considerou ser "absurdo" o argumento da falta de experiência governativa, que foi apontado nomeadamente por Macron.

"Um terço de todos os chefes de Governo europeus atuais não tinham tido antes experiência executiva; o Presidente Macron apenas um pouco. Os eleitores devem decidir sobre as qualificações, nada mais", referiu na mesma entrevista, citada pelas agências internacionais.

Questionado sobre a postura de Angela Merkel e o desfecho final das negociações em Bruxelas com os restantes líderes europeus, Weber afirmou apenas: "Tem de chegar a compromissos e ter capacidade de manobra, eu entendo. E no final apoiou uma presidente alemã para a Comissão. É absolutamente lógico e está tudo bem".

Após uma longa maratona negocial, que se prolongou em Bruxelas ao longo de três dias, os chefes de Estado e de Governo dos 28 países da União Europeia chegaram na terça-feira a um acordo e designaram a ministra alemã Ursula von der Leyen para a presidência da Comissão Europeia, o belga Charles Michel para a presidência do Conselho Europeu, o espanhol Josep Borrell para o cargo de Alto Representante da UE para a Política Externa e a francesa Christine Lagarde para o Banco Central Europeu.

Sobre a ministra da Defesa alemã, Ursula von der Leyen, Manfred Weber destacou tratar-se de uma "pró-europeia, (...) que conhece a política internacional, e uma democrata convicta".

"Tem possibilidade de conseguir uma maioria, mas é um caminho sinuoso", disse Weber, numa referência ao descontentamento manifestado por algumas famílias políticas do Parlamento Europeu, nomeadamente da família social-democrata, em relação à distribuição dos cargos europeus de topo decidida pelos líderes dos 28.

Para se tornar presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen terá de conseguir a aprovação do Parlamento Europeu numa votação agendada para meados deste mês, prevista para 16 ou 17 de julho.