Internacional

Jacinda Ardern procura apoio global para travar conteúdos violentos na internet

Vários países já manifestaram a intenção de subscrever a iniciativa do Governo neozelandês, como o Canadá, Reino Unido, Austrália, Irlanda, Noruega, Indonésia, Jordânia e Senegal

GETTY

A primeira-ministra neozelandesa pede apoio global para um plano que pretende combater a divulgação de conteúdos violentos e extremistas na internet. A iniciativa intitulada “Christchurch Call” (Apelo de Christchurch) será apresentada esta semana no encontro em Paris que reunirá Jacinda Ardern e Emmanuel Macron e outros líderes políticos e representantes do sector digital, refere o jornal “The New York Times”.

O documento não inclui quaisquer medidas em termos regulatórios, dando liberdade a cada subscritor para definir as medidas que entende serem necessárias para cumprir o objetivo de combater a divulgação de conteúdos violentos e extremistas na internet. Mas apela, por exemplo, às empresas tecnológicas para reavaliarem os seus algoritmos que permitem aos utilizadores publicarem diretamente conteúdos inadequados e para partilharem mais dados com os governos.

Vários países já manifestaram a intenção de subscrever a iniciativa, nomeadamente o Canadá, Reino Unido, Austrália, Irlanda, Noruega, Indonésia, Jordânia e Senegal, segundo a imprensa francesa.

Em jeito de antecipação, a chefe do Governo da Nova Zelândia divulgou esta segunda-feira um vídeo nas redes sociais, onde apela à união nesta causa. “Nós sabemos que as plataformas de redes sociais são globais – o que significa que a forma como podemos eliminar os conteúdos extremistas violentos tem que ser também global”, afirmou Jacinta Ardern no vídeo.

Combater viralidade de conteúdos nocivos

A governante neozelandesa sublinhou ainda que os ataques ocorridos em duas mesquitas em Christchurch foram arquitetados “de forma a tornarem-se virais”, obrigando as autoridades a definirem mais medidas para evitarem situações semelhantes no futuro.

Já no mês passado, Jacinta Ardern defendera que o combate à divulgação de conteúdos violentos e extremistas na internet “não tem que ver com a liberdade de expressão, mas com a prevenção da disseminação deste tipo de conteúdos via online”.

O comissário para a privacidade na Nova Zelândia, John Edwards, arrasou em abril o Facebook, lamentando a ausência de respostas por parte dos responsáveis da plataforma que qualificou de “mentirosos moralmente falidos” após o ataque a duas mesquitas em Christchurch.

Também Mark Zuckerberg defendeu, num artigo publicado no “Washington Post”, que é vital criar regras para todas as redes sociais que sejam fiscalizadas por entidades externas com vista a travar a divulgação de “conteúdos nocivos”.

Esta segunda-feira arrancam os trabalhos da Comissão Especial que irá investigar o ataque em Christchurch – que causou 51 mortos no passado dia 15 de março, – com vista a apurar a responsabilidade do principal suspeito, dos seus eventuais cúmplices e das redes sociais, assim como aquilo que falhou por parte das autoridades, nomeadamente da secção antiterrorismo.