Internacional

Turistas portugueses tentam chegar ao aeroporto no Sri Lanka antes de recolher obrigatório

De acordo com relatos que vão chegando do local, os portugueses no Sri Lanka tentam deixar o país depois dos atentados de hoje. Turista português estava em lua-de-mel. Governo português desaconselha viagens para o Sri Lanka

Dois turistas portugueses que estão de visita, com os filhos, ao Sri Lanka, vão tentar chegar ao aeroporto horas antes do voo, tentando evitar o recolher obrigatório no país, que começa às 18h00 locais.

Ana Inácio explicou à Lusa que os pais, que tinham previsto sair do país às 24h00 locais, vão para o aeroporto “várias horas antes”, para poder evitar o recolher obrigatório decretado na sequência dos ataques que hoje provocaram, pelo menos, 187 mortos, entre os quais um português.

“Só têm voo à meia-noite de hoje, mas vão ver se conseguem partir para lá já e não ficarem em terra. O nosso hotel em Negombo informou-nos que o recolher obrigatório é a partir das 18h00 e até as seis da manhã de amanhã [segunda-feira] e ninguém está autorizado a circular no Sri Lanka”, disse a filha do casal que está a terminar um curto período de férias no país.

“Isto é desolador”, contou a portuguesa que está com a família num hotel a cerca de um quilometro a norte da igreja de São Sebastião, em Negombo, uma das igrejas onde ocorreu uma explosão.

“Estamos sem acesso a Facebook, Messenger e WhatsApp. Houve várias explosões hoje em vários locais”, contou Ana Inácio. "As lojas em Colombo e restaurantes também tiveram instruções para fechar para evitar gente a passear na rua, e os turistas foram também aconselhados a regressar aos seus hotéis”, disse.

A família almoçou este domingo num restaurante católico “e os donos estavam inconformados”. “Uma das filhas, professora, começou a chorar à nossa frente e o pai, penso que era o pai, disse que foi tão difícil alcançarem a paz há 10 anos depois de tanta violência”, contou.

Governo desaconselha viagens para o Sri Lanka

O governo português desaconselha as viagens para o Sri Lanka na sequência da série de explosões que visaram hotéis e igrejas este domingo. Numa nota publicada no Portal das Comunidades Portuguesas, pode ler-se isso mesmo. "Desaconselham-se todas as viagens ao Sri Lanka até publicação de novo aviso".

De acordo com o jornal "Observador", o português tinha cerca de 30 anos e seria da zona de Viseu. O casal estava hospedado no Hotel Kingsbury, em Colombo, um dos hotéis que foi alvo de ataques bombistas.

Além das duas famílias portuguesas já referidas (o casal e a outra de quatro elementois), há outros "10 portugueses" a viver no Sri Lanka, mas que se “encontram bem de saúde”, garantiu José Luís Carneiro. Mas o Governo português continua a procurar saber se há mais cidadãos nacionais no Sri Lanka, um destino muito procurado para férias.

O ministro dos Negócios Estrangeiros lamentou a morte de um português nos atentados em igrejas e hotéis no Sri Lanka, sublinhando a "determinação em combater o terrorismo sob todas as formas". amentamos profundamente a morte de um cidadão português no Sri Lanka, que se encontra entre as vítimas dos atentados ocorridos hoje nesse país. Expressamos as nossas condolências à sua família", lê-se num dos três 'tweets' do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), Augusto Santos Silva.

O MNE afirma ainda que a solidariedade do Governo "está com as vítimas, o povo e as autoridades": "A nossa determinação é combater o terrorismo sob todas as formas", conclui. "O Governo português condena nos termos mais veementes os cobardes atentados que atingiram, hoje, igrejas e hotéis no Sri Lanka, causando a morte a muitas dezenas de pessoas".

Marcelo repudia ataques

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, repudiou os ataques no Sri Lanka, tendo já apresentado as condolências à viúva da única vítima portuguesa conhecida até ao momento.

"O meu pensamento vai em especial para a família da vítima portuguesa e já tive a oportunidade de apresentar as condolências à viúva", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações à agência Lusa. O Presidente da República transmitiu também o seu pesar em nome do povo português às autoridades do Sri Lanka e aos familiares das vítimas.

Marcelo Rebelo de Sousa expressou o seu repúdio "a mais um ato contrário à dignidade da pessoa humana e aos princípios fundamentais do Direito Internacional e especificamente à liberdade religiosa".

Pelo menos 187 pessoas morreram, entre as quais nove estrangeiras, sendo uma delas portuguesa, e mais de 469 ficaram feridas depois de registadas oito explosões em quatro hotéis, um complexo residencial e três igrejas no Sri Lanka. Estes números têm estado em permanente atualização.

A capital, Colombo, foi alvo de, pelo menos, quatro explosões, em três hotéis de luxo e uma igreja. Duas outras igrejas foram também alvo de explosões, uma em Negombo, a norte da capital e onde há uma forte presença católica, e outra ao leste do país.

As explosões ocorreram "quase em simultâneo", pelas 8h45 (3h15 em Portugal), de acordo com fontes policiais citadas por agências internacionais. Os atentados não foram ainda reivindicados.