Internacional

Atentados no domingo de Páscoa fazem 207 mortos no Sri Lanka

A polícia do Sri Lanka elevou o número de mortes resultantes dos atentados para 207, tendo 450 pessoas ficado feridas. Uma das vítimas mortais é portuguesa. Oito explosões foram sentidas quando muitos fiéis celebravam a Páscoa. As bombas foram detonadas por kamikazes. Há sete detidos

EXPRESSO e LUSA

O número de mortes ascende agora a 207, afirmou o porta-voz da polícia do Sri Lanka, Ruwan Gunasekara, sendo uma das vítimas portuguesa. Trata-se de um homem com 30 anos de idade que passava a lua de mel naquele país.

Segundo o "Observador" e a TSF, o português teria cerca de 30 anos e seria da zona de Viseu. O casal estava hospedado no Hotel Kingsbury, em Colombo, um dos alvos dos ataques. O hotel situa-se no centro da cidade de Colombo, capital do Sri Lanka.

Além de outra família de quatro portugueses, em viagem, há dez outros portugueses a viver no Sri Lanka, mas que se “encontram bem de saúde”, garantiu José Luís Carneiro, secretário de Estado das Comunidades. O Governo português continua a procurar saber se há mais cidadãos nacionais no Sri Lanka, um destino muito procurado para férias.

O ministro da Defesa do Sri Lanka anunciou que foram detidos sete suspeitos relacionados com as explosões. Até ao momento, os atentados ainda não foram reivindicados, mas as principais suspeitas recaem sobre o auto-denominado Estado Islâmico. Já o porta-voz da polícia declarou não poder dizer "quem está por trás dos ataques e quais as suas intenções até que a investigação esteja concluída".

Pelo menos dois kamikazes participaram na série de explosões, embora o Governo cingalês não tenha precisado a forma da operação, de acordo com a polícia e várias testemunhas. Em Orugodawatta, um kamikaze feriu três policias ao início da manhã ao fazer-se explodir num edifício nos subúrbios ao norte da capital, Colombo.

De acordo com a agência de notícias francesa France Presse, três policias entraram numa residência para uma operação de busca quando um suspeito se fez explodir, disse um polícia a um fotojornalista da AFP que chegou ao local pouco depois do sucedido. A explosão causou o colapso do teto, subterrando os membros da polícia. Tratou-se da oitava explosão sentida hoje no Sri Lanka.

Testemunhas revelam ainda a implicação de um outro kamikaze na série de explosões ocorridas hoje. No hotel de luxo Cinnamon Grand, um kamikaze empurrou a sua bomba para a fila de clientes que esperava para entrar para um 'buffet' de Páscoa no restaurante do hotel. "Ele foi até ao começo da fila e explodiu. O gerente que cumprimentava os clientes é um daqueles que foram mortos instantaneamente. Foi um caos total", disse um funcionário hoteleiro à AFP. De acordo com outros funcionários do hotel, o homem era um cidadão do Sri Lanka que tinha reservado um quarto no sábado.

Após as oito explosões, o Governo decretou o Estado de Emergência e a polícia impôs o recolher obrigatório com efeito imediato perante o perigo de novos ataques. As primeiras seis explosões ocorreram "quase em simultâneo", pelas 08:45 (03:15 em Portugal), em três hotéis de luxo e uma igreja em Colombo, outra em Katana, a oeste do país e a terceira em Batticaloa, a este da ilha, explicou Gunasekara.

A sétima detonação, que provocou duas mortes, registou-se horas mais tarde num pequeno hotel situado a cerca de 100 metros do jardim zoológico de Dehiwala, um subúrbio a uma dezena de quilómetros do centro de Colombo. Já a oitava e última explosão, até ao momento, teve lugar num complexo de vivendas na zona de Dermatagoda, também na capital, sem que as autoridades tenham revelado mais detalhes para já.

Segundo a polícia, há 66 mortos no Hospital Nacional além de cerca de 260 feridos; No Hospital de Negombo encontram-se 104 mortos e à volta de 100 feridos. Já no Hospital de Kalubowila estão dois mortos e seis feridos. No Hospital de Batti os mortos são 28 e os feridos 51. Por fim, no Hospital Ragama há 7 mortos e 32 feridos. Total: 207 mortos.

Para já, ninguém reclamou a autoria dos ataques coordenados, sendo que as autoridades estão empenhadas em prestar atenção especial à eventual difusão de notícias falsas que possam gerar confusão ou atos de represália contra algum grupo étnico ou religioso.

A capital, Colombo, foi alvo de pelo menos quatro explosões, em três hotéis de luxo e uma igreja. Duas outras igrejas foram também alvo de explosões, uma em Negombo, a norte da capital e onde há uma forte presença católica, e outra ao leste do país.
As explosões ocorreram "quase em simultâneo", pelas 08:45 (03:15 em Portugal), de acordo com fontes policiais citadas por agências internacionais.

Os hotéis de luxo onde se registaram as explosões são o Kingsbury Hotel, o Shangri-La e o Cinnamon Grand Colombo, todos na capital. "Por favor, permaneçam calmos e não sejais enganados por rumores", pediu Sirisena numa mensagem à nação, num país onde os confrontos têm sido frequentes no passado em reação a eventos violentos.

O Ministério da Educação anunciou o encerramento de todas as escolas do país na segunda e terça-feira. Também o primeiro ministro do país, Ranil Wickremesinghe, liderou uma reunião de emergência com altos cargos das forças de segurança e outros membros do Governo, entre eles o ministro para as Reformas Económicas e a Distribuição Pública, Harsha de Silva, que deu detalhes do encontro na rede social Twitter.

Imagens difundidas pelos meios de comunicação locais mostram a magnitude da explosão pelo menos em uma das igrejas, com o teto do templo semidestruído, escombros e corpos espalhados enquanto muitas pessoas os tentam socorrer. Os fiéis católicos celebram hoje o Domingo de Ressurreição, o dia mais importante entre os rituais da Semana Santa.

O Presidente do Sri Lanka, Maithripala Sirisena, mostrava-se "em choque" e triste com o sucedido, esclarecendo que "investigações estão em andamento para descobrir que tipo de conspiração está por detrás destes atos cruéis".

Ataques contra minorias religiosas na ilha têm sido habituais no passado, o último em 2018, quando o Governo teve de declarar estado de emergência após confrontos entre muçulmanos e budistas cingaleses com dois mortos e dezenas de detidos.

No Sri Lanka a população cristã representa 7%, enquanto os budistas rondam 67%, os hindus são 15% e os muçulmanos 11%.
Atentados desta magnitude não tinham tido lugar no Sri Lanka desde a guerra civil entre a guerrilha tâmil e o Governo, um conflito que durou 26 anos e terminou em 2009, e que deixou, de acordo com dados da ONU mais de 40.000 civis mortos.