O cofundador do Whatsapp, Brian Acton, que vendeu há quatro anos este serviço de mensagens instantâneas ao Facebook, afirma que é altura de apagar as contas nesta rede social. “Chegou a hora. #apagarFacebook”, escreveu esta terça-feira à noite Brian Acton num post no Twitter.
A mensagem de Brian Acton surge na sequência do escândalo divulgado este fim de semana pelos jornais americano “The New York Times” e britânico “The Observer”, que envolve a empresa de Mark Zuckerberg e a Cambridge Analytica. Segundo uma investigação destes media, o Facebook permitiu que a Cambridge Analytica acedesse indevidamente a informações de 50 milhões de utilizadores desta rede social com vista a influenciar a opinião pública, nomeadamente nas eleições dos EUA, em 2016.
O caso já levou ao afastamento do cargo do presidente executivo da Cambridge Analytica, Alexander Nix, depois de o Channel 4 News ter divulgado uma conversa do ex-CEO que admitiu ter-se reunido várais vezes com Donald Trump, com vista a arquitetarem uma campanha digital eficaz para as eleições norte-americanas.
A Comissão Federal do Comércio dos EUA Cambridge Analytica já abriu uma investigação sobre o caso, enquanto a comissária de informação da Grã-Bretanha, Elizabeth Denham, anunciou que vai solicitar o acesso aos servidores desta empresa de análise de dados.
O Parlamento britânico também já exigiu explicações a Mark Zuckerberg. “É altura de ouvir um alto representante do Facebook, alguém com autoridade suficiente para fornecer dados corretos sobre esta falha catastrófica”, defendeu o deputado Damian Collins, presidente da Comissão de Cultura, Media e Assuntos Digitais da Câmara dos Comuns.
O presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, condenou aquela que parece ser uma “violação inaceitável” dos dados pessoais e convidou igualmente o fundador do Facebook a “prestar esclarecimentos aos representantes de 500 milhões de europeus, cujos dados pessoais não podem ser usados para manipular a democracia.”
Do lado do Facebook mantém-se o silêncio. Pelo menos dos seus principais rostos – nem o fundador Mark Zuckerberg, nem Sheryl Sandberg, responsável pelas operações da empresa, comentaram a polémica. “Mark, Sheryl e as suas equipas estãoa trabalhar em contrarrelógio para recolherem todos os factos e tomarem medidas com base nessas informações, porque compreendem a seriedade do assunto. Estamos deveras comprometidos a reforçar as nossas políticas para proteger as informações das pessoas e tomaremos todos os passsos necessários para que isso aconteça ”, limitou-se a dizer uma porta-voz do Facebook.
O escândalo já está a ter implicações na empresa criada por Mark Zuckerberg, cujas ações se afundaram em dois dias quase 60 mil milhões de dólares (quase 49 mil milhões de euros) na bolsa.