O Presidente angolano, João Lourenço, alertou ontem para os "inúmeros obstáculos no caminho" a percorrer no mandato que está a iniciar, mas garantiu que os compromissos que assumiu, desde logo no combate à corrupção, são para concretizar.
João Lourenço discursava pela primeira vez como chefe de Estado nas cerimónias oficiais do dia da independência angolana, proclamada a 11 de Novembro de 1975, que este ano decorreram no município da Matala, próximo do Lubango, capital da província da Huíla, no Sul.
Na intervenção, recordou as "metas traçadas" durante a campanha eleitoral e as medidas anunciadas no acto investidura como Presidente da República e na mensagem sobre o Estado da nação, no Parlamento, assegurando que "são para serem encaradas com a devida seriedade e responsabilidade".
"Sei que existem inúmeros obstáculos no caminho que pretendemos percorrer, mas temos de reagir e mobilizar todas as energias para que esse cumprimento se efective nos prazos definidos", apontou.
Retomou o apelo à "honestidade e competência" dos "melhores quadros" do país no processo de desenvolvimento nacional, mas apenas os têm a "vontade" de "bem servir o país".
"Precisamos ao mesmo tempo de neutralizar ou reduzir a influência nefasta dos que apenas se preocupam em se servir a si mesmos, descurando a necessidade da defesa do bem comum", alertou João Lourenço.
A 26 de Setembro, no seu discurso de investidura, pouco depois de receber o poder de José Eduardo dos Santos, chefe de Estado desde 1979, João Lourenço prometeu que o combate ao crime económico e à corrupção será uma "importante frente de luta" e a "ter seriamente em conta" no mandato de cinco anos que agora inicia.
"A corrupção e a impunidade têm um impacto negativo directo na capacidade do Estado e dos seus agentes executarem qualquer programa de governação. Exorto por isso todo o nosso povo a trabalhar em conjunto para estripar esse mal que ameaça seriamente os alicerces da nossa sociedade", afirmou João Lourenço, perante uma forte ovação popular.
Desde que assumiu o pode, João Lourenço já exonerou as administrações de várias empresas públicas, algumas das quais nomeadas meses antes das eleições por José Eduardo dos Santos, que continua como presidente do MPLA, partido vencedor das eleições gerais de Agosto.
No discurso de hoje, João Lourenço recordou tratar-se de um regresso à província da Huíla, onde em Fevereiro fez a sua primeira apresentação como, então, cabeça-de-lista do MPLA às eleições gerais, as quais, afirmou, permitiram a "conquista do coração dos angolanos e consequentemente a cadeira presidencial".