O Ministério Público Federal e os advogados do ex-presidente da Odebrecht chegaram a acordo quanto aos termos da delação premiada. Condenado pelo juiz Sérgio Moro em março deste ano a 19 anos e quatro meses de prisão, Marcelo Odebrecht vai cumprir apenas 10 anos e quatro meses.
De acordo com a “Folha de São Paulo”, o ex-presidente da maior empreiteira brasileira vai ficar em prisão efetiva até final de dezembro de 2017. Findos os dois anos e meio de encarceramento no próximo ano, Marcelo Odebrecht passará a beneficiar do regime aberto e, segundo o jornal, até do regime de prisão domiciliária. Nas contas da Justiça é descontado o tempo já cumprido pelo ex-responsável, que foi preso em junho de 2015.
A notícia não revela pormenores quanto às penas acessórias, como a proibição de exercer funções idênticas por 20 anos.
A chamada “delação premiada” da Odebrecht inclui cerca de 80 antigos responsáveis da empresa e está a afetar todo o sistema político partidário brasileiro. Além dos ex-presidentes Lula da Silva e Dilma Rousseff, os nomes citados pelos denunciantes atingem o “coração” do atual Governo.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, José Serra, e o próprio Presidente Michel Temer contam-se também entre o rol de citados, que inclui muitos congressistas, senadores e governadores estaduais.
À espera de Cunha
Se a “delação premiada” da Odebrecht sacode todo o sistema político, a previsível denúncia de Eduardo Cunha – o ex-presidente do Parlamento e artifíce da destituição de Dilma – será, para muitos analistas, um verdadeiro “golpe de misericórdia”.
Uma opinião partilhada, aparentemente, pelo próprio juiz Sérgio Moro que disse, em declarações à revista “Veja” do passado fim de semana, que “pela extensão da colaboração haverá uma turbulência grande. Espero que o Brasil sobreviva”.
Mas os procuradores da Lava Jato continuam a apertar o cerco a Eduardo Cunha e não escondem a elevada fasquia que colocam para a aceitação da denúncia. “Não vou trocar o Cunha por alguém abaixo dele. Tenho que o trocar por alguém da mesma hierarquia ou acima dele, essa é a lógica do sistema”, disse à Reuters o procurador Carlos Santos Lima. “A menos que ele me entregue (denuncie) 200 deputados”, acrescentou.