O pior pesadelo do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) aconteceu hoje em Brasília. Sérgio Moro, o juiz responsável pela operação Lava Jato ordenou a prisão preventiva do antigo presidente do Parlamento e aliado político do presidente Michel Temer. A prisão de Cunha era esperada desde que o antigo líder parlamentar perdeu o chamado foro privilegiado ao ser destituído do cargo no início de setembro.
De nada valeram os expedientes que Cunha usou para adiar sucessivamente a sua destituição e evitar deixar de contar com a proteção do Supremo Tribunal Federal e passar para a alçada da justiça comum. Neste caso, para a Justiça do Estado de Paraná, sede das investigações dos desvios de fundos da Petrobras.
Eduardo Cunha é réu em pelo menos quatro processos relacionados com a Lava Jato, onde é acusado de corrupção, lavagem de dinheiro, evasão fiscal e fuga de divisas. Recorde-se que o processo que levou à sua destituição como deputado provou que Cunha mentiu em sede de comissão parlamentar ao ocultar a propriedade de contas na Suíça.
Segundo as autoridades, em pelo menos uma dessas contas depositou cerca de cinco milhões de euros provenientes de subornos relacionados com a petrolífera estatal brasileira.
A decisão do juiz Moro é relativa apenas a um dos processo que já corria contra Cunha no Supremo Tribunal Federal e surge poucos dias depois do ex-deputado ter dito que ia escrever um livro sobre os bastidores do processo de destituição de Dilma Rousseff.
Um projeto literário em que Cunha sugeria revelar pormenores sobre a participação do atual presidente Michel Temer no processo que levou à queda da presidente. Um processo de que Cunha e Temer são considerados os principais artificies. Com a efectivação da prisão de Eduardo Cunha reanimam-se os receios quanto a uma eventual delação premiada.
Para muitos analistas, se Cunha negociar um estatuto de arrependido seria a "denúncia do regime", pois o antigo deputado contava com um exército de mais de uma centena de parlamentares de todo o espetro político.